O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveu melhorias na produção de sardinhas (Sardinella brasiliensis) em cativeiro, no projeto Isca-Viva, lançado em 2009. Entre os objetivos do projeto está a contribuição para o processo de gestão pesqueira, com técnicas de produção e manejo de isca-viva para a pesca de atum.
Uma das principais evoluções é a reprodução por desova espontânea de sardinhas produzidas em cativeiro. Antes, os pesquisadores somente conseguiam realizar isto com indução de hormônios e reprodutores selvagens. A velocidade da produção de larvas também aumentou: hoje elas são “desmamadas” de 20 a 30 dias após sua eclosão, já podendo ser comercializadas como iscas-vivas na metade do tempo anterior (40-60 dias). A alimentação e exigência nutricional da espécie em cativeiro também foram determinadas, otimizando a produção com baixo custo.
Com os aperfeiçoamentos, a produção do Lapmar, que serve somente à pesquisa atualmente, aumentou substancialmente. “Desde o início dos trabalhos foram poucas, menos de dez, pois era necessário induzir hormonalmente. Agora com desova espontânea, começaram a desovar desde setembro desse ano, sendo 15 vezes no total”, explica o pesquisador Fabio Sterzelecki, que desenvolve pós-doutorado no Lapmar.
O custo de produção é outro fator beneficiado com a pesquisa. “O tempo até ser comercializada como isca-viva foi diminuído em até três vezes. Então, os custos acompanharam esse valor. Como estamos na segunda geração de cativeiro, os resultados melhoraram muito, além do manejo de transporte e de criação em geral serem otimizados”, diz Sterzelecki.
Os pesquisadores do Lapmar estão enviando questionários para os consumidores de sardinha para determinar o preço que poderiam pagar por unidade. “Além disso, está sendo construído um artigo sobre a viabilidade econômica da espécie com os resultados recentes. A estimativa inicial era de 40 centavos, mas como o tempo de produção foi diminuído em três vezes, e com desenvolvimento de tecnologias mais baratas, então acredito que o custo possa cair agora para cerca de 10 centavos o juvenil”, relata Sterzelecki.
Outro passo do projeto é o contato com o setor produtivo. “Um diretor da Gomes da Costa (empresa enlatadora de pescados) entrou em contato recentemente para adquirir alguns exemplares de cativeiro para testes na indústria de enlatados. Enviamos 3000 alevinos para engorda no mar em gaiolas flutuantes da Univali e possíveis testes na indústria alimentícia”, conta o pesquisador, que em seu estágio de pós-doutoramento irá testar a produção em larga escala. “Fizemos o primeiro teste intensivo nesse último mês (20-30 dias para isca-viva) e em janeiro pretendo realizar os primeiros testes em larga escala com alternativas mais baratas”.
O projeto Isca-Viva é desenvolvido pelo Lapmar/UFSC, em parceria com a Univali e a Epagri, e já rendeu duas teses de doutorado, duas de mestrado e um trabalho de conclusão de curso.
Mais informações pelo telefone (48) 3721-6386 ou pelo e-mail
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