DAQUI NÃO VEJO MAR
Daqui não vejo o mar, mas poderia
se janelas abrissem para o infinito
como o coração em reduto íntimo
e um pé de flores a pender do teto
Cheguei perto do amor, véu invisível
tateei no escuro, não estava pronto
sumiste como seda a deslizar no açude
enquanto vi meu rosto na água impura
Te trouxe pela mão, cego de espírito
a iluminar-me com a presença do gemido
que emites de uma gruta, sólido brilho
Aguardo o sol chegar ao máximo do dia
para ver-te, criatura do sonhar marítimo
daqui posso sentir e isso é toda a vida
(Do Nei Duclós, do ebook VERSO ESPARSO, Edição do Autor, 2014)
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