segunda-feira, 27 de novembro de 2017

MAR DE POETA

Foto Marga Cendón
DAQUI NÃO VEJO MAR

Daqui não vejo o mar, mas poderia
se janelas abrissem para o infinito
como o coração em reduto íntimo
e um pé de flores a pender do teto

Cheguei perto do amor, véu invisível
tateei no escuro, não estava pronto
sumiste como seda a deslizar no açude
enquanto vi meu rosto na água impura

Te trouxe pela mão, cego de espírito
a iluminar-me com a presença do gemido
que emites de uma gruta, sólido brilho

Aguardo o sol chegar ao máximo do dia
para ver-te, criatura do sonhar marítimo
daqui posso sentir e isso é toda a vida

(Do Nei Duclós, do ebook VERSO ESPARSO, Edição do Autor, 2014)

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