sexta-feira, 29 de setembro de 2017

MAR DE REMBRANDT


A tempestade no mar da Galileia, 1633. Em paradeiro desconhecido desde o seu roubo do museu Isabella Stewart Gardner em 1990.

(Via Elin CEryno)

PRAIA VERMELHA DO AMÉRICO!

Foto do Americo Vermelho, com drone

Praia Vermelha, sol de inverno.

NA PRAIA

Sem crédito, tarrafeado da grande rede

MATANÇA NO MAR

Embarcações de pesca ancoradas: segundo ONG, estima-se que no litoral peruano existam mais de 545 embarcações que estão lá para fazer este tipo de caça


Barbatana de tubarão e matança de golfinhos

Barbatana de tubarão e matança de golfinhos: relação entre a barbatana de tubarões e a matança do predador, e a caça aos golfinhos no Peru.
Segundo funcionário, as exportações têm como destino principalmente Japão, Hong Kong, Cingapura e outros países asiáticos.

A exportação de barbatanas de tubarão para a Ásia aumentou no Peru. E é a principal causa da matança de 15.000 golfinhos por ano, que são usados como isca para caçar os grandes predadores.

Por algum motivo, os asiáticos gostam da barbatana de tubarão!

Foi o que afirmou em entrevista coletiva Paul Phompiu, o vice-ministro de Pesca do Ministério da Produção, destacando que a exportação da barbatana de tubarão aumentou 10% nos últimos anos.
Barbatanas de tubarão tornam-se sopa na Ásia

As exportações têm como destino principalmente Japão, Hong Kong, Cingapura e outros países asiáticos.

Phompiu explicou que existe uma autorização para exportar a barbatana do peixe. Mas que a maior extração é feita por pescadores ilegais, que realizam uma “atividade criminosa”. É preciso perseguir e punir, e destacou:

Estamos indignados com esta situação; o Peru condena a pesca ilegal de golfinhos e tubarões porque são espécies protegidas.

15 mil golfinhos mortos anualmente no Peru

Na véspera, a ONG Mundo Azul informou que 15.000 golfinhos são sacrificados anualmente e que sua carne é usada como isca para capturar tubarões.

Segundo a ONG, estima-se que no litoral peruano existam mais de 545 embarcações artesanais que estão acondicionadas para fazer este tipo de caça. Elas saem no mínimo meia dúzia de vezes ao ano e matam até seis golfinhos em cada incursão.
72 embarcações na caça aos tubarões

Atualmente existem 72 embarcações registradas oficialmente para a pesca do tubarão. Algumas artesanais e outras industriais, disse Phompiu. Não há números oficiais sobre embarcações ilegais.

Os trabalhos de fiscalização e controle se tornam difíceis por causa da extensão do mar peruano. Os pescadores ao chegar ao porto não trazem mais vestígios da pesca ilegal.
Barbatanas de tubarão são consideradas afrodisíaco por asiáticos

Ela disse que para deter a matança de golfinhos se deve enfrentar a raiz do problema, que é o controle da comercialização das barbatanas de tubarões, consideradas afrodisíacas pelos orientais.
Restringir a pesca de tubarões é a solução

Para esta finalidade criaram um Plano Nacional de Ação para os Tubarões, cujo objetivo é agir de “forma firme” a fim de sancionar os infratores. Entre as medidas a serem adotadas estão a restrição temporária da pesca. E da comercialização do tubarão, por se considerar o principal incentivo para a pesca indiscriminada de golfinhos. Outras ações seriam declarar vedadas por tempo determinado e “em casos extremos” a proibição da pesca de golfinhos e tubarões.
Matança anual de tubarões chega a cem milhões de animais

O plano de ação propõe a realização de um estudo científico, a cargo do Instituto do Mar do Peru, para determinar as zonas onde é praticada a pesca indiscriminada de golfinhos e tubarões.

Embora também se utilize a cavala e a lula para pescar tubarões, os pescadores preferem usar a carne de golfinho, segundo afirmam, seu sangue tem um cheiro forte que atrai os tubarões.

(Da AFP. via https://marsemfim.com.br/)

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

MORTE NO MAR

Baleia da espécie jubarte é encontrada na praia de Itapeva (RS), em 2016
Rodrigo Baleia/Folhapress 
Encalhe de baleias jubartes no Brasil chega a 97 e bate recorde neste ano

KATIA VASCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACEIÓ

Impulsionadas pelas mudanças climáticas e pelo crescimento na população, o total de baleias jubartes encalhadas na costa brasileira bateu recorde neste ano.

Dados do IBJ (Instituto Baleia Jubarte), em Caravelas (BA), apontam que o número de encalhes em 2017 já é de 97, superando o recorde anterior, de 2010, com 96.

Os encalhes são normalmente observados no período de julho a novembro, quando as jubartes chegam ao atlântico sul para atividades reprodutivas. Bahia, com 39 encalhes, é o Estado com maior número de ocorrências, seguido de Espírito Santo (29), Rio de Janeiro (14), Alagoas (8), São Paulo (4), Sergipe (2) e Rio Grande do Sul (1).

Entre as causas apontadas, segundo pesquisadores, a mais importante tem sido a influência das mudanças climáticas e o impacto disso na produção do krill (um pequeno crustáceo que é o alimento da espécie), na Antártica.

O levantamento é produzido desde 2002 pelo IBJ, que faz parte da Remab (Rede de Monitoramento e Informação de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil), coordenada nacionalmente pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade).

"Temos dados que apontam que a oferta de krill no hemisfério Sul na área de alimentação diminuiu nos últimos três anos, possivelmente influenciado pelo El Niño intenso que tivemos em 2015", disse Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do IBJ.

O consenso dos pesquisadores é que o crustáceo também foi a razão para o alto índice de encalhes no ano de 2010, número que surpreendeu a todos.

Em todo o ano passado, foram achadas 78 baleias jubartes encalhadas nas praias do litoral brasileiro, alguns dos quais no primeiro semestre. A avaliação é que o encalhe no primeiro semestre, raro, se deve a animais que permaneceram no Brasil e não fizeram o caminho de volta para as áreas polares.
As jubartes se alimentam durante o verão nas regiões polares e depois passam o resto do ano queimando a gordura que acumularam. De acordo com o pesquisador, se uma fêmea não conseguiu se alimentar direito, pode ter problemas na travessia até o atlântico sul.

Para Marcondes, a influência climática sobre a oferta de alimentação das baleias é preocupante. "É importante entender como variações climáticas podem afetar o krill e como isso se reflete na população de jubartes, pois mudanças na oferta de alimento têm potencial para impactar toda a população."

Além da questão nutricional, o aumento populacional tem sido outra causa discutida. A população de jubartes vem crescendo após ter sido quase dizimada pela caça comercial. A contagem é feita por amostragem, em sobrevoos no litoral brasileiro, na região do Banco de Abrolhos.

Em 2002, durante sobrevoo no litoral da Bahia e Espírito Santo, o IBJ estimou a população em 3.400 baleias. Em 2015, a população já tinha crescido para 17 mil.

Em 2017, conforme projeções, essa população já chegou a 20 mil indivíduos. "Com muito mais baleias no mar é esperado que tenhamos mais encalhes daquelas que morrem por causas naturais e das que morrem em função de atividades causadas pelo ser humano", disse Marcondes. Entre essas causas estão poluição, atropelamento por navios e equipamento de pesca.

Não se sabe ao certo a quantidade de baleias que morrem na travessia. A maior parte morre no mar e algumas carcaças, dependendo do vento, vão parar nas praias. Apenas 15% encalham com vida, afirmam os pesquisadores.

FILHOTES

O recorde de encalhes ainda não chega a afetar o ecossistema nem impactar na recuperação da população de baleias, mas os pesquisadores estão atentos à quantidade de filhotes que chegam às praias (52% do total).
Para Marcondes, entre as razões para isso estão o fato de estarem mais sujeitos à ação de predadores (tubarões e orcas), terem baixa imunidade e a necessidade de ficarem mais próximos da superfície e subir mais vezes para respirar.

Segundo ambientalistas, os filhotes só sobrevivem se estiverem com suas mães. "Se ele está aparentemente sadio, nós fazemos uma tentativa de devolvê-lo ao mar, mesmo sabendo que as chances de ele voltar a encontrar sua mãe são mínimas." As baleias adultas representam 25% dos encalhes e 23% são considerados indivíduos juvenis.

SUBESTIMADOS

Os números podem estar subestimados, já que as instituições necessitam do apoio da população para a localização dos encalhes.

Em Alagoas, o Instituto Biota de Conservação tem feito campanhas e treinado a população para a informação e cuidados com os animais ainda vivos, até a chegada do resgate.

"As redes sociais têm facilitado bastante, pois recebemos as informações de encalhes e denúncias quase em tempo real", disse Luciana Medeiros, veterinária e diretora-executiva do Biota.

Em 2016 eles reforçaram o sistema de comunicação com o lançamento de um aplicativo para smartphone, o BiotaMar, pelo qual podem ser enviadas fotos e localização exata do achado. Neste ano, foram localizados oito encalhes, todos filhotes. Apenas uma foi reintroduzida no mar –as outras eram só carcaça–, mas em seguida morreu. 

(Da http://www1.folha.uol.com.br/)

MAR DE FALARES


O personagem Seo Maneca, do ator Geraldo Cunha, em seu passeio pela Catedral Metropolitana. Seo Maneca aproveita para contar Histórias da Catedral.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

terça-feira, 26 de setembro de 2017

MORTE NO MAR

O Japão assinou a moratória da Comissão Baleeira sobre a caça à baleia, mas afirma praticá-la para realizar pesquisas, não só perto das suas costas no Pacífico mas também na Antártida

Japoneses mataram 177 baleias no Pacífico este verão

Os japoneses mataram 177 baleias no Oceano Pacífico, ao largo da costa nordeste do arquipélago, durante uma missão de verão "para fins científicos", revelou esta terça-feira a Agência das Pescas.

Os três navios especializados que partiram em junho, como planeado, capturaram 43 baleias Minke e 134 baleias boreais, disse a mesma fonte.

A agência defende que a caça à baleia é "necessária" para estimar o número de capturas potenciais a longo prazo e pretende "começar novamente a pesca comercial", revelou à agência de notícias France-Presse Kohei Ito, um dos funcionários.

O Japão assinou a moratória da Comissão Baleeira sobre a caça à baleia, mas afirma praticá-la para realizar pesquisas, não só perto das suas costas no Pacífico, mas também na Antártida.

Esta posição é denunciada pelas organizações de defesa de cetáceos e por vários países, que consideram que Tóquio usa desonestamente uma exceção na moratória datada de 1986.

Até 2014, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou a Tóquio que parasse a caça nas águas antárticas, pois não atendia aos critérios científicos exigidos.

O Japão cancelou a campanha de inverno 2014-15 para retomar a caça à baleia no ano seguinte como parte de um programa modificado.

A Antártica foi o cenário de confrontos entre baleeiros japoneses e defensores de animais até que a organização ambiental Sea Shepherd anunciou no mês passado que estava a abandonar o assédio dos baleeiros japoneses no Grande Sul, reconhecendo as suas próprias limitações face ao poder marítimo japonês.

A Noruega – que não se considera vinculada pela moratória internacional de 1986, a que se opôs – e a Islândia são os únicos países do mundo publicamente comprometidos com a caça comercial.

O Japão, por sua vez, está a tentar provar que a população de baleias é grande o suficiente para sustentar a retomada da caça comercial.

O consumo de baleias tem uma longa história no Japão, um país de pesca onde os cetáceos são caçados há séculos. A indústria baleeira cresceu após a Segunda Guerra Mundial, levando proteínas animais para a população deste país.

No entanto, a procura dos consumidores japoneses pela carne de baleia diminuiu consideravelmente nos últimos anos, tornando duvidoso o sentido das missões baleeiras.

(Do http://expresso.sapo.pt)

MAR DE TUBARÕES

Direito de imagem GETTY IMAGESImage caption
Brasil e México são os únicos países em que são vendidas abertamente postas de tubarão

O que faz do Brasil uma ameaça ao futuro dos tubarões - que muita gente come sem saber

Mônica Manir
De São Paulo para a BBC Brasil

Maior consumidor mundial de carne de tubarão, o Brasil pode se tornar um dos principais responsáveis pelo declínio das populações desses animais em mar aberto.


O alerta vem de cinco pesquisadores brasileiros que assinam um artigo publicado neste mês no periódico Marine Policy ("Política Marinha", em tradução livre). O estudo mergulhou em bancos de dados internacionais, boletins do governo, artigos científicos e outras fontes para mapear o cenário das cerca de 45 toneladas anuais que os brasileiros levam às suas mesas.

O motivo-chave para tal protagonismo negativo, afirmam os pesquisadores, seriam as frotas internacionais que alimentam o mercado de nadadeiras de tubarão, muito valorizadas no Leste Asiático. A sopa de nadadeira ou barbatana tem apelo afrodisíaco e é sinal de status e riqueza entre os chineses.

"Um quilo de nadadeira desidratada de tubarão-martelo, por exemplo, chega a US$ 1,5 mil na Ásia", revela o biólogo Rodrigo Barreto, bolsista do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul do Brasil (CEPSUL-ICMBio) e líder do estudo. Para comparação, o quilo da carne de tubarão gira em torno de R$ 25 a R$ 30 no Brasil.

Essas frotas internacionais, no entanto, estão proibidas de praticar o finning, ou seja, de manter as nadadeiras e descartar a carcaça no mar a fim de liberar seus porões para mais barbatanas. Em 1998, diante do iminente colapso de algumas populações do peixe, uma convenção internacional transformou a prática em crime - o Brasil foi o primeiro país a assinar tratado ratificando essa proibição.

Ocorre que, ansiosas por continuar explorando o mercado de nadadeiras e, ao mesmo tempo, repassar o restante, esse setor encontrou no maior país da América do Sul um cais de consumo.

"Essas frotas expõem aqui uma carne que praticamente ninguém quer", diz Barreto.

O biólogo paulistano, que hoje mora em Itajaí (SC), afirma que, tirando Brasil e México, as postas de tubarão não são vendidas em nenhum outro lugar.

"São países com grande deficiência em órgãos de vigilância sanitária, sem manejo pesqueiro e que, além disso, convivem com graves problemas de analfabetismo funcional, condições estratégicas para o consumo do produto", explica Barreto.

Um fator de peso
A rejeição generalizada quanto à carne de tubarão tem um motivo de peso. Grande predador, animal encontra-se no topo da cadeia alimentar. Por um processo de bioacumulação, ele agrega metais pesados, como mercúrio e arsênio, presentes nos organismos que lhe serviram de alimento. Ingeridas além da conta, essas substâncias podem causar danos cerebrais.

Um parâmetro de consumo de mercúrio vem da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela preconiza o limite diário de 0,5 miligrama desse metal por quilo. Estudo publicado nos Cadernos de Saúde Pública em 2008, porém, revela que, em amostras de Prionace glauca, ou tubarão-azul, a espécie de tubarão mais pescada no mundo, o índice presente excedeu em mais de duas vezes o topo diário.

Não à toa, a Food and Drug Administration (FDA), agência federal americana, não recomenda a inclusão de tubarão no cardápio de grávidas, mulheres que estejam amamentando e crianças, seja em que quantidade for.
Um tubarão-martelo; nadadeira é item de luxo na China | Foto: Otto Bismarck F. Gadig

Outro dado que ajuda a emoldurar esse cenário é o mislabeling, termo em inglês que os pesquisadores traduzem como "rotulagem errada". A maioria da população estaria consumindo tubarão sem saber disso. Isso porque, nas prateleiras dos supermercados, nas bancas de peixe, nos restaurantes e nas merendas escolares, o animal é oferecido apenas sob o nome genérico de "cação", carne bem-aceita especialmente pela falta de espinhos.

"Mais de 70% das pessoas não sabem que cação é tubarão", afirma Hugo Bornatowski, professor do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos autores do texto publicado na Marine.

Em pesquisa feita por ele e mais três estudiosos sobre rotulagem em Curitiba, a maioria dos entrevistados afirmou já ter comido cação, mas nunca tubarão.
Muita gente come tubarão sem saber | Foto: Mônica Manir

Responsável no país pela regulamentação da rotulagem de alimentos embalados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma não existir regra específica para a designação de produtos de origem animal nas embalagens, competência que seria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Nesse sentido, remete à instrução normativa MAPA nº 29, de 23 de setembro de 2015, que determina que a rotulagem de peixes e derivados deve conter o nome comum da espécie, conforme estabelecido na lista anexa à instrução. Na lista, é permitido o uso tanto do nome comum "cação" quanto "tubarão" para diversas espécies.

"Desta forma", continua a Anvisa, "o uso do termo cação, quando realizado de acordo com o previsto na regulamentação do MAPA, não é considerado enganoso e, portanto, não contraria o disposto na legislação sanitária brasileira".

Conservação
"Não dissemos que a rotulagem da carne de tubarão no Brasil é ilegal", rebate Bornatowski. "Mas o consumidor deve saber o que está comendo e de onde está vindo o produto, o que facilita quanto à conservação e conscientização."

Mesmo porque, diz o professor da UFPR, o termo "cação", importado do espanhol "cazón", é muito amplo, e várias espécies vendidas sob esse rótulo estão ameaçadas de extinção - é o caso do tubarão-martelo. Na mesma linha de raciocínio estariam as raias, outro elasmobrânquio bastante apreciado fora do país, mas que também tem seu mercado interno como ingrediente de moquecas, pastéis e outras iguarias.

"Ninguém sabe de qual raia estamos falando porque nunca houve no Brasil uma resolução taxinômica adequada que ajudasse no controle desses recursos", lembra Fabio Motta, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Santos, também autor do artigo publicado na Marine.

"Quando falo de cação ou raia, falo de um mundo de espécies", enfatiza.
Consumidor deve saber o que está comendo e de onde está vindo o produto, o que facilita quanto à conservação e conscientização', diz Hugo Bornatowski | 
Foto: Ag. Brasil

Entre elas, Motta destaca a raia viola e a raia emplastro, esta última endêmica no sul da América do Sul, de distribuição restrita, crescimento lento e poucos filhotes. Uma pescaria direcionada para elas seria crítica. "Se sumirem dali, sumiram do mundo", diz.

Atualmente, a proporção de elasmobrânquios ameaçados no Brasil (33% de 145 espécies) excede a taxa global identificada para o grupo (25%).

Segundo o Sistema de Permissionamento de Embarcações Pesqueiras Marinhas, tubarões são considerados "pescaria incidental". A Secretaria de Aquicultura e Pesca afirma que, como os dados de produção das pescarias gerados oficialmente são voltados para as espécies-alvo da captura dentro desse sistema estabelecido, o órgão não tem informações atuais de espécies desses animais pescadas no Brasil.
"Ninguém admite que o tubarão-azul, por exemplo, é espécie-alvo", diz Motta. "Mas, do jeito que as pessoas comem carne de tubarão no Brasil, isso não é mais assim."

Nessa pesca direcionada, seriam enredados também tubarões e raias em situação vulnerável.

'Apagão'
O Brasil não apenas consome, como pesca tubarões. Somos o 11º que mais os captura, e o 17º que mais exporta suas barbatanas.

O grosso, porém, vem da importação. De acordo com tabela enviada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, sob o qual está a Secretaria de Aquicultura e Pesca, o Brasil liderou as importações de dogfish e outros tubarões em 2014, quando atingiu o patamar de US$ 45,2 milhões. Nos dois anos seguintes, Hong Kong assumiu a liderança.

Na segunda colocação, a importação brasileira teria sido de US$ 26,8 milhões em 2015 e de US$ 24,8 bilhões em 2016. O ministério não soube informar quais espécies estariam sob o chapéu "outros tubarões".

Barreto destaca que muita dessa importação se refere a animais pescados no Atlântico Sul por países como Espanha, China e Portugal. Donos de embarcações nas quais conseguem resfriar o cação, eles já o congelam fatiado em postas, prontos para o consumo no Brasil.
Raia emplastro é característica da América do Sul e é vulnerável à pesca predatória | 
Foto: Otto Bismarck F. Gadig

Os estudiosos afirmam ainda que não se coloca em prática a obrigatoriedade de observadores de bordo nas viagens de pesca de embarcações com mais de 15 metros, prevista na portaria nº 166 do Ibama, de 18 de julho de 2007. "O observador de bordo seria uma contrapartida, ele colheria informações e faria a resolução taxinômica adequada", explica Motta.

Para os pesquisadores, aflige a falta de informações e de estatísticas do setor no país. O último dado seria de 2007.

"Faz dez anos que não sabemos o que se captura de peixes na costa brasileira", contabiliza Motta. "Temos um apagão da infraestrutura de gestão pesqueira no Brasil, na qual as arenas estão enfraquecidas e algumas nem existem mais."

(Da http://www.bbc.com/)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

TEMPO DAQUI!

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Chuva foi registrada na manhã desta segunda, em Florianópolis - Daniel Queiroz/ND

Após período de estiagem, chuva volta a Santa Catarina nesta semana

De acordo com o Climaterra, pancadas mais significativas podem acontecer a partir de quinta

REDAÇÃO ND, FLORIANÓPOLIS 

Após um período de estiagem, Santa Catarina deverá voltar a ter chuva nesta semana. De acordo com o Climaterra, pancadas mais significativas estão previstas a partir de quinta-feira (28) em todas as regiões.

A segunda-feira (25) já começou nublada no Litoral, com registro de chuva. “O vento nordeste traz a umidade do mar para a orla, por isso essa região está mais encoberta. Até quarta (27), entre a Capital e o Norte do Estado, o tempo fica predominantemente nublado, podendo ter chuviscos e também períodos de melhoria com aberturas de sol”, diz o engenheiro agrônomo do Climaterra, Ronaldo Coutinho


De acordo com ele, uma nova frente fria deverá entrar no Estado na quinta-feira, trazendo chuva com chance de trovoadas até o sábado (30), em todas as regiões.

As temperaturas ficam amenas em relação à semana passada. Em Florianópolis, as mínimas devem ficar entre 17°C e 18°C e as máximas de 23°C a 26°C ao longo da semana. Conforme Coutinho, também há uma tendência para que outubro comece com temperaturas abaixo da média.

“Poderemos ter frio de inverno no começo de outubro, com marcas próximas das negativas na Serra e de 9°C a 11°C em Florianópolis, o que é difícil acontecer nesta época do ano”, comenta o engenheiro agrônomo.

Granizo

Conforme Coutinho, também começa a ficar mais comum a chamada “chuva de primavera”, com pancadas mais intensas que podem vir acompanhadas de granizo, como a que aconteceu em Xanxerê, no Oeste catarinense, na tarde deste domingo (24). De acordo com a Secretaria de Estado da Defesa Civil, cerca de 30 imóveis foram afetados pelo granizo e duas empresas apresentaram danos. Foram entregues aproximadamente 2.000 m² de lona às famílias atingidas.

(Do https://ndonline.com.br/)

D'ALÉM MAR

Lura, (Maria de Lurdes Pina Assunção) cantora portuguesa de ascendência cabo-verdiana nascida em Lisboa em 1975. Tendo aprendido o crioulo caboverdeano de seus colegas de escola e de seus familiares, em pouco tempo Lura já era capaz de falar fluentemente e também compor nessa língua-símbolo de Cabo Verde, que hoje a cantora considera como sendo sua língua materna.

ACORDES DA ILHA

A banda Primavera nos Dentes surgiu no final dos anos 80 e parou em 2001."Capitão do barco" é sua música mais conhecida.

domingo, 24 de setembro de 2017

CAMINHOS...


Foto e olhar da Jovita Santos

VOCÊS VERÃO!

Fonte: Shutterstock

Mesmo sem El Niño, 2017 poderá ser o segundo ano mais quente da história

por Redação 


A Agência Americana de Oceanos e Atmosfera, a NOAA, acaba de divulgar os dados sobre a temperatura do mês passado: terceiro agosto mais quente da história, superado apenas pelos dois últimos anos. O trimestre que inclui junho, julho e agosto segue a mesma tendência: terceira maior média da série histórica, menor apenas que 2015 e 2016. Nesse ritmo de aquecimento, segundo a NOAA, 2017 pode vir a ser o segundo ano mais quente da história, mesmo sem a presença de fenômenos climáticos como o El Niño.

Em números absolutos, a temperatura global da superfície da Terra e do oceano foi 0,83°C acima da média do século XX, de 15,6°C; e atrás apenas de 2016 (0,9°C) e 2015 (0,88°C). Se isolarmos apenas a temperatura da superfície da Terra, o ganho foi de 1,17°C em relação à média do século XX, de 13,8°C; o que significa a segunda maior temperatura global de um agosto desde que os registros começaram em 1880, superada apenas por agosto do ano passado.

Regionalmente, cinco dos seis continentes tiveram aumento da temperatura em agosto, com a África liderando o ranking, registrando a segunda maior temperatura para agosto desde 1910 e a América do Sul, a Ásia e a Europa registrando o terceiro agosto mais quente. A NOAA também monitorou a camada de gelo no mar do Ártico, 24,3% abaixo da média de 1981-2010 para o mês de agosto.

Furacões como o Irma, que atingiu o Caribe e a costa leste dos EUA, podem se tornar ainda mais intensos com o aumento da temperatura na superfície dos oceanos. Nos próximos dias, o furacão Maria, segunda grande tempestade a atingir o Caribe apenas neste mês, deve acrescentar novos estragos às Ilhas Virgens e a Porto Rico.

( Do https://www.climatempo.com.br)

sábado, 23 de setembro de 2017

LÁ NO FUNDO...


UMA ILHA DE VIDA CERCADA DE MORTE POR TODOS OS LADOS

A Ilha Moleques do Sul é um ponto estratégico de importância global, na distribuição dos peixes. Grande parte das espécies tropicais tem nestas ilhas o seu limite austral de distribuição geográfica e se fosse preservada, seria um dos tesouros do mundo submarino. Mas infelizmente não é.
Quando algum peixinho aparece por aqui é logo destruído, Os animais são mortos por qualquer razão, não só para servir de alimento. Uns são mortos por serem feios, outros por serem bonitos. Há relatos de "pessoas" que mataram um peixe destes (foto), apenas para mostrar aos familiares em casa como é magnífico. Há também pessoas que pescavam só os peixes maiores, pescavam, porque eles praticamente não existem mais.
Precisamos proteger mais e melhor o nosso maior tesouro: a biodiversidade. A ilha Moleques do Sul é um marco na distribuição desta riqueza.

Vários peixes da família Labridae aparecem por aqui. Estão entre os mais belos e coloridos frequentadores das ilhas brasileiras.
Ilha Moleques do Sul - Florianópolis - SC.
Para ver mais é só curtir a página do Instituto Larus.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

VOAR - TAMBÉM - É COM OS PÁSSAROS

Foto Andrea Ramos

TIROTEIO NO MAR

O ecologista marinho Enric Sala, no Lago das Medusas, em Palau NATIONAL GEOGRAPHIC

“As águas internacionais são o Velho Oeste”

Ecologista marinho denuncia a expansão “predadora” da China pelos oceanos do mundo

Viña del Mar (Chile)

Há algumas semanas, um navio cargueiro chinês, com 300.000 quilos de atum e tubarão a bordo, foi capturado pelas autoridades equatorianas na reserva marinha de Galápagos, um dos tesouros naturais do planeta. O navio asiático recebeu sua carga ilegalmente em águas internacionais, proveniente de outros quatro barcos pesqueiros chineses. Um ano antes, um barco da guarda costeira argentina disparou e afundou outro navio chinêsque fugia depois de capturar ilegalmente populações de lulas em águas do país sul-americano. “É o Velho Oeste”, resume o ecologista marinho Enric Sala, diretor executivo da Pristine Seas, um projeto da National Geographic para proteger os lugares ainda imaculados dos oceanos.

Sala, nascido em Girona em 1968, alerta sobre a expansão “predadora” da China, da qual foi testemunha no mundo todo. O pesquisador e sua equipe estudaram 23 paraísos marinhos desde 2008 e fizeram pressão política para protegê-los. Assim como mergulha com os tubarões, Sala veste gravata para se fechar em escritórios com presidentes e primeiros-ministros. “No total, 15 dos lugares que pesquisamos já estão protegidos. São cinco milhões de quilômetros quadrados, dez vezes o tamanho da Espanha”, explica em uma entrevista durante o Congresso Internacional de Áreas Marinhas Protegidas IMPAC4, realizado em Viña del Mar (Chile).
 O explorador Enric Sala NATIONAL GEOGRAPHIC


Pergunta. É comum caçar barcos pesqueiros piratas dentro de reservas marinhas?

Resposta. Cada vez mais comum. Ainda é raro, mas é cada vez mais comum, porque a tecnologia via satélite é relativamente barata e permite fazer vigilância remota. Depois, é preciso sair para capturá-los, claro. Em águas internacionais é outra história. Ali é o Velho Oeste. A ONU já começou um processo para criar um instrumento legal com o qual pode criar áreas protegidas e controlar um pouco mais isso. Atualmente, em águas internacionais, a única regulamentação que existe, o único controle, são as organizações regionais de regulamentação da pesca, como as comissões do atum. Mas essas comissões são altamente corruptas. As decisões sobre quanto se pesca, apesar das recomendações dos cientistas, são totalmente políticas.

P. Quando o sr. diz que são corruptas, é uma opinião ou houve condenações?

R. A definição de corrupto implica que tenham sido condenados? Sim, há muita corrupção na pesca do atum e há um mercado negro. Poucos são condenados e presos, mas é uma área muito corrupta.


“A China dá de presente pontes ou estádios de futebol a alguns países pobres em troca do acesso à pesca”


R. A sigla em inglês é ICCAT, de International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas. A piada diz que é International Conspiracy to Catch All Tuna [Conspiração Internacional para Capturar todos os Atuns]. O Japão compra 80% do atum vermelho. Japão e China são conhecidos por presentear países — com pontes, estádios de futebol, portos — em troca do acesso a recursos naturais, incluindo a pesca.

P. Menos de 1% das águas internacionais estão protegidas atualmente. Quem impede que sejam protegidas?

R. Não há um instrumento legal para a criação de áreas protegidas em águas internacionais. Nos dias de hoje, se quiséssemos proteger as águas internacionais aqui, em frente ao litoral do Chile, quem decide isso? Quantos países são necessários? Não está claro. As comissões de atum podem concordar que em uma região não se pesque atum, mas não podem decidir nada sobre a pesca de lula ou de arrastão ou sobre a mineração no fundo. Há muita concorrência, entre diferentes organizações, e hoje não há clareza quanto a quem protege.

P. As negociações para um tratado mundial sobre a mudança climática, por exemplo, começaram em 1990. Por que as Nações Unidas não se preocuparam antes com as águas internacionais? Quem se opõe?


“China, Taiwan, Coreia do Sul, Japão e Espanha capturam três quartos de toda a pesca feita em águas internacionais”

R. Cinco países capturam três quartos de toda a pesca feita em águas internacionais: China, Taiwan, Coreia do Sul, Japão e Espanha. Dez países tiram 90%. Também temos outros países, como a Rússia, que pescam com anzol e rede em águas internacionais. A França também usa arrastão. É muito possível que esses países tenham se oposto a fazer algo até agora. Esses cinco ou dez países têm o monopólio da pesca em águas internacionais e não querem perdê-lo. Publicamos um estudo há alguns anos no qual demonstramos que, se a pesca fosse fechada em todas as águas internacionais, todos os peixes que seriam produzidos a mais e que migrariam para as regiões econômicas exclusivas dos países beneficiariam muito mais países. Apenas alguns têm frotas de longa distância. E essas frotas pescam peixes que não entrarão nas águas dos países pobres.

P. O sr. vincula o esgotamento da pesca na África com as migrações de africanos para a Europa.

R. Agora há muitos outros fatores, como a mudança climática, que gera secas. A migração é uma combinação de superexploração de recursos e situação política. E além disso há a mudança climática, que amplia tudo.

P. Periodicamente surgem notícias sobre pescadores espanhóis próximos ao litoral da Somália. O que fazem ali?

R. Em princípio, sempre suspeito de que haja algo obscuro na frota espanhola de longa distância. Sobretudo em países africanos, onde os recursos são explorados. As perdas sofridas pelos países do oeste da África com a superexploracao por parte dos países asiáticos e da UE são enormes. São recursos que não ficam ali, mas vão para os países ricos. Além disso, os acordos de pesca são um assalto. Por quantidades pífias, os países ricos estão superexplorando os recursos dos países pobres.


“Os acordos de pesca são um assalto dos países ricos aos países pobres”

P. Há espécies marinhas que o sr. não come. Quais são?

R. Não como atum. Nem camarões. No caso do atum, porque a maior parte das espécies são superexploradas e também contêm muito mercúrio, porque estão no alto da cadeia alimentar. Antes havia espécies criadas fantásticas, como os mexilhões: filtram a água do mar, limpam, capturam CO2 em suas conchas. Mas agora há outro problema: os mexilhões filtram os microplásticos existentes na água. Um terço dos peixes pescados no sul da Inglaterra comeu plástico. O mar é uma sopa de plástico. As pessoas falam de ilhas de plástico, mas ilhas não existem. Há regiões com muito plástico, mas não ilhas. O que há é microplástico em todo o mar. Nós coletamos amostras de água do Ártico russo e Canadá até ilhas no meio do Pacífico, a milhares de quilômetros da civilização. E em 75% das amostras encontramos microplásticos.

P. Por que o sr. não come camarões?

R. Devido a seu alto custo ecológico. Os camarões são resultados da pesca de arrastão, que destroça o fundo do mar com toda a vida que existe ali. É como cortar um bosque velho para comer os passarinhos que há no bosque. Ou são de criadouro, mas normalmente os camarões criados comidos nos países ricos vêm do Sudeste Asiático. Ali o que fazem é cortar a vegetação dos mangues para criar lagoas onde se colocam os camarões. Cortar um mangue significa cortar um dos drenos de CO2 mais importantes. Além disso, protegem o litoral contra o efeito de tempestades e tsunamis. No tsunami do Sudeste Asiático, morreu mais gente onde havia menos mangues. Eles são criadouros de peixes pequenos que podem ser pescados em outros lugares. Nas lagoas, colocam os filhotes de camarões e, para evitar que as larvas de mosquito os comam, jogam uma camada de diesel para que os mosquitos não botem ovos na água. Depois jogam pesticidas para que não cresçam algas. Quando os camarões estão grandes, esvaziam a lagoa e os camarões ficam impregnados de toda essa sujeira.


“Os camarões são produto da pesca de arrastão: é como cortar um bosque velho para comer os passarinhos”

P. Onde isso acontece?

R. Na Tailândia, no Vietnã...

P. Esses camarões não passam pela vigilância sanitária?

R. Isso não sei. Em alguns casos, acrescenta-se corantes para terem um tom mais laranjinha. E depois de cinco anos, as lagoas ficam tão salobras que os produtores vão cortar mangues em outro lugar. Por isso não como camarões.

P. O sr. fala em neocolonialismo nos oceanos. Onde as potências pescam?

R. Barcos europeus, incluindo espanhóis, estão pescando na África, em condições muito desfavoráveis para a população local. A China é o grande exemplo. Sua frota de longa distância é enorme e está pescando em todo o mundo. O barco capturado em Galápagos é um exemplo, mas foram pegos barcos chineses no Gabão, no oeste da África, pescando ilegalmente, inclusive em áreas protegidas. A China está tentando capturar a maior parte dos recursos naturais em qualquer lugar do mundo, não só peixes, mas também madeira, petróleo... Em todo lugar. A China está se expandindo de forma diplomática, publicamente, mas também de forma predadora na verdade. Tem uma grande sede de recursos.

P. Apenas um terço das áreas marinhas protegidas geridas pelo Governo espanhol contam com um plano de gestão, então dois terços não têm proteção efetiva diante da pesca ou do turismo. No entanto, o governo se gaba de que 8% das águas espanholas estão protegidas.


“O Governo espanhol mente quando diz que tem 8% das águas protegidas”

R. Isso é mentira. A Espanha tem menos de 1% das águas em regiões protegidas de verdade, como as ilhas Columbretes ou as ilhas Medas, que são reservas integrais. A Espanha criou grandes regiões com a Rede Natura 2000 para proteger espécies ou ecossistemas. Mas onde estão as regulamentações que fazem com que esses lugares sejam diferentes do dia antes em que foram declarados protegidos? Há uma região enorme no delta do Ebro para proteger a gaivota de Audoin. O que não se permite fazer? O que mudou ali para proteger a gaivota? As regiões do Natura 2000 não são necessariamente protegidas. São um rótulo para dizer que as regiões de alto interesse para determinadas espécies, mas não são áreas protegidas. As reservas das Medas, Tabarca, Columbretes, Cabrera... essas são regiões protegidas. O Governo espanhol mente quando diz que tem 8% das águas protegidas. Chamar de área protegida uma área em que se permite a pesca é como chamar de floresta preservada uma concessão madeireira.

P. No ano passado, uma juíza mandou para a cadeia seis membros da família de armadores de La Coruña Vidal Pego, por suposta pesca ilegal de merluza negra durante anos em águas antárticas. E eles tinham recebido milhões em subvenções à pesca. Quão comum é isso?

R. É muito comum. Há um projeto na internet, Fish Subsidy [Subsídios à Pesca], no qual figuram barcos espanhóis. A última vez que o vi a Espanha tinha metade dos subsídios de pesca da UE. Lembro do caso de um barco para o qual deram centenas de milhares de euros para desmontá-lo. Poucas semanas depois, lhe deram outra subvenção para aumentar a potência dos motores. Para o mesmo barco. Também há muita corrupção para a obtenção de subsídios. Nos departamentos de Pesca de muitos países a corrupção é institucionalizada. Há poucos países em que os departamentos de Pesca sejam limpos e não mancomunados com a indústria. Muito poucos.

P. Que países são um modelo no assunto das áreas marinhas protegidas?

R. O Chile é um dos líderes mundiais. Antes que a presidenta Michelle Bachelet vá embora, terá mais de um milhão de quilômetros quadrados totalmente protegidos, sem incluir a reserva de Rapa Nui, que é parcialmente protegida. Isso representa 30% da região econômica exclusiva do Chile. 30%! E o Chile é um país pesqueiro. Seus líderes têm entendido que o futuro da pesca passa por proteger para que haja mais. Os Estados Unidos têm uma gestão da pesca, baseada na ciência, das melhores. Conseguiu na última década recuperar muitas espécies que estavam ameaçadas.

P. Esses avanços podem ser revertidos sob o mandato de Donald Trump?


“Há muito poucos países em que os departamentos de Pesca sejam limpos e não estejam mancomunados com a indústria”

R. No governo de Trump são todos superexploradores. Perfurariam em qualquer lugar. Trump determinou uma revisão das áreas de proteção nacionais criadas por Clinton e Obama. O secretário do Interior queria que se abrisse a exploração petrolífera em muitas regiões protegidas. As companhias petroleiras e de gás nos Estados Unidos não estão explorando todas as concessões que têm, porque não dá resultado. O gás e o petróleo estão baratos. Mas o Governo de Trump quer abrir as áreas de proteção nacionais e os santuários marinhos, para vender as concessões e depois, quando o preço do petróleo subir, os especuladores encherem os bolsos à custa desses ecossistemas incríveis. À custa dos demais cidadãos. É corrupção em nível de Estado. Todo mundo acredita que vão abrir várias dessas áreas de proteção nacionais à exploração de petróleo, mas vão encontrar barreiras legais no momento em que declararem a primeira desregulamentação.

P. Há uma década, o sr. foi ao Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça) para denunciar “a absurda proposta econômica atual”. Dez anos depois, como vê isso?

R. Continuamos com o mesmo problema: não pagamos o verdadeiro custo das coisas, o custo ambiental. As pessoas que estão pagando gasolina barato nos EUA não estão pagando o custo dessa gasolina. O custo é pago pela criança que vai morrer de asma devido à poluição na cidade em que vive. O que fazemos é terceirizar os custos. Se todo mundo, incluindo as grandes empresas petroleiras, tivesse de pagar o custo do uso dos recursos naturais, o mercado teria solucionado os problemas. Teríamos inovado rapidamente para reduzir as emissões.

(Do https://brasil.elpais.com/)

MORTE NO MAR

Foto Luiz Carlos Souza / Arquivo Pessoal

Mais de 1,7 mil tartarugas foram achadas mortas em 2017 em SC

Só neste ano, mais de 1,8 mil tartarugas foram recolhidas pelo Programa de Monitoramento de Praias no litoral de Santa Catarina. Destas, 95% (cerca de 1,7 mil) estavam mortas.

Esses animais são comuns no estado porque se alimentam das algas, que há em grande quantidade nos costões de praias. O problema é que esta área também é muito visada pelos pescadores.

Dados do programa mostram que cerca de 40% das tartarugas que morreram ficaram presas a redes de pesca fixas, que são proibidas. Como é difícil identificar quem coloca as redes, a fiscalização dos órgãos ambientais é pouco eficiente. Sem conseguir sair da água, elas morrem afogadas.

Em condições de saúde normais, as tartarugas conseguem ficar até oito horas debaixo d'água, sem respirar. Mas no mar, ainda encontram outro problema: o lixo. Cerca de 20% das tartarugas encontradas mortas no estado ingeriram lixo, porque confundiram com alimento.

Com papel e plástico no estômago, elas ficam debilitadas. Morrem engasgadas ou, por causa da fraqueza, quando encontram as redes, não conseguem sair delas.
Recuperação

Uma tartaruga verde, como é conhecida a espécie, voltou para casa depois de três semanas. Ela foi encontrada na praia da Atalaia, em Itajaí, presa a uma rede de pesca.

Exames confirmaram que estava com desidratação e anemia, então foi levada para o Projeto Tamar, em Florianópolis, para recuperar a saúde. Nesta quarta-feira, ela foi devolvida ao mar, em Itajaí.
Dados
Em dois anos do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos foram registradas 5005 acionamentos de tartarugas em Santa Catarina - 206 vivas e 4799 mortas
Em 2017 foram 1885 tartarugas - 92 vivas e 1793 mortas

(Do http://dc.clicrbs.com.br - Com informações do G1.)

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

MOVIMENTO DOS MARES

Faixa de areia sumiu na Praia do Matadeiro, em Florianópolis
Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense

Ressaca em Florianópolis segue na mesma intensidade até sexta-feira 

A Defesa Civil de Florianópolis segue monitorando a situação das praias foram afetadas pela maré alta e pela ressaca na Ilha de Santa Catarina. Segundo Luiz Eduardo Machado, diretor da entidade, a situação deve continuar com a mesma intensidade até sexta-feira. Apesar da situação das praias do Morro das Pedras e Matadeiro, no Sul da Ilha, assustar os moradores, os locais mais atingidos, do ponto de vista de danos à construção, são Ingleses, Canasvieiras e Praia Brava:

— Do ponto de vista de prejuízos, o Norte da Ilha é o mais afetado, por ser mais urbanizado e ter mais atividade comercial e turística. No Sul da Ilha temos um problema mais pontual, que também carece de atenção, principalmente na questão da estrada, já que se ocorrer uma interrupção da faixa de rolamento vai prejudicar a trafegabilidade do local — explica Machado.

Na última quinta-feira, a Prefeitura de Florianópolis publicou um decreto de situação de emergência no Diário Oficial do município por conta dos danos provocados pela ressaca. O decreto é válido por 180 dias e, além de solicitar recursos ao governo federal para recuperar as áreas atingidas, autoriza o poder público a adentar nas faixas de áreas classificadas como Áreas de Preservação Permanentes (APPs) para fazer reparos emergenciais. 
Monitoramento no Sul da Ilha

No Morro das Pedras, a maior preocupação nesta quarta-feira, 20, são três postes de energia elétrica que estão na área atingida pelo mar. A Celesc já foi acionada para tomar providências preventivas. A rodovia SC-406 continua com um bloqueio parcial no acostamento desde segunda-feira, consequência de uma rachadura provocada pela erosão do solo.
Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense

Já a praia do Matadeiro, também no Sul da Ilha, que geralmente apresenta uma extensa faixa de areia de pelo menos 30 metros, foi tomada pela água, que chega à porta do tradicional Bar do Alécio. De acordo com Machado, a maior preocupação no local é com o posto guarda-vidas, que precisa ser recolocado antes da temporada.

Machado também descarta a possibilidade de enrocamento na praia do Morro da Pedras, isso é, a colocação de pedras na orla da praia, como foi feito na praia da Armação em 2010:

— Não há possibilidade nem previsão de nenhum tipo de enrocamento no Morro das Pedras, está descartado, não há necessidade. No momento, também não há risco do rompimento do cordão litorâneo para salinização da Lagoa do Peri. As situação no Morro das Pedras é bem pontual, nossa preocupação é com a estrada e com o abastecimento de energia. Os órgãos responsáveis já estão cientes e tomando as medidas cabíveis — destaca.

(Do http://dc.clicrbs.com.br/)