Foto BBC
Cientistas que pesquisam as baleias-de-bico-de-Blainville concluíram que esses mamíferos ficam em silêncio em águas rasas para evitar o ataque de predadores.
A pesquisa, publicada na revista científica "Marine Mammal Science", é uma das primeiras a registrar a comunicação entre essas baleias.
Os pesquisadores também gravaram sons produzidos por elas quando nadavam em regiões profundas do oceano, onde costumam viver.
A espécie Mesoplodon densirostris se reúne em grupos pequenos que não ultrapassam dez indivíduos. Além do bico característico, ela possui dentes, alcança até cinco metros de comprimento e pesa, quando adulta, cerca de 800 kg.
Tímidos e discretos, os cetáceos evitam embarcações, o que dificulta seu estudo e lhes dá um caráter enigmático.
ESCUTA
A pesquisadora Natacha Aguilar, da Universidade de La Laguna, em Tenerife (Espanha), e seus colegas da Woods Hole Oceanographic Institution, em Massachusetts (EUA), e da Universidade Aarhus, na Dinamarca, conectaram dispositivos de escuta em oito baleias-de-bico-de-Blainville.
Os animais foram monitorados durante 102 horas. Os aparelhos gravaram sons produzidos pelas baleias quando vinham à tona para respirar ou nadavam próximo da superfície e quando os mamíferos mergulhavam em profundidades de até 900 metros.
Os resultados mostram que a espécie fica silenciosa ao nadar a profundidades perto dos 170 metros.
As baleias também permanecem silenciosas quando estão subindo à tona após seus mergulhos, uma jornada que pode levar até 19 minutos.
A equipe acredita que este comportamento tenha a função de evitar que as baleias sejam detectadas por seu predador, as temidas orcas (Orcinus orca), conhecidas como "baleias assassinas".
As orcas tendem a circular em águas rasas e se alimentam de várias espécies de baleias. Ao se "esconder" dessa maneira, a baleia-de-bico-de-Blainville adotaria uma estratégia efetiva de evitar sua predadora, já que a espécie não é capaz de nadar mais rápido do que a orca e não possui outras defesas contra ela.
Ainda assim, o comportamento surpreendeu os cientistas, que imaginavam que os animais continuariam em contato para manter seus vínculos sociais, especialmente porque tendem a nadar em grupos coesos.
"Para um grupo que vive em sociedades tão coesas e coordena suas atividades, ficar em silêncio perto da superfície é um comportamento inesperado que contrasta bastante com o de outras baleias", afirmaram os pesquisadores em seu artigo.
SONS
Quando nadavam a mais de 450 metros de profundidade, as baleias emitiam diversos tipos de sons que permitiam não apenas que se comunicassem, mas se orientar no espaço e localizar suas presas, afirma a pesquisa.
Segundo os cientistas, alguns dos sons registrados, que eles descrevem como apitos e uma série de sons estridentes, nunca haviam sido gravados antes.
A equipe acredita que os sons em série tenham o papel de coordenar os movimentos dos membros do grupo à medida que se dispersa no final do mergulho, para caçar.
(Da BBC Brasil)
(Da BBC Brasil)
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