Festa ocorreu na Sociedade Barrense, na Barra da Lagoa
Foto: Felipe Carneiro / Agencia RBS
Associação pesqueira de Santa Catarina comemora safra de 278 toneladas de tainha
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O pescador Zilto Eugênio Pereira, de 68 anos, pesca tainha desde os 15. Começou na praia, com redes de arrasto, e hoje tem uma embarcação pequena. Neste domingo, ele era um dos trabalhadores que comemorava o fim da safra, na festa da Associação dos Pescadores Profissionais Artesanais de Emalhe Costeiro de Santa Catarina (APPAECSC), que foi realizada na Sociedade Barrense, naBarra da Lagoa, em Florianópolis. A opinião de Zilto, compartilhada pela maioria dos pescadores de embarcações pequenas que estava lá, era de que a temporada neste ano foi produtiva, e por isso havia espaço para comemorações. Mas poderia ser ainda melhor.
— Minha embarcação pescou 21 toneladas. Como começamos tarde, só no dia 4 de junho, podemos dizer que foi uma safra boa. Mas se as licenças não tivessem demorado tanto, e não precisássemos ter entrado com liminar para pescar, tenho certeza que teríamos feito uma safra ainda melhor — avaliou o profissional.
As embarcações pesqueiras artesanais estavam autorizadas, neste ano, a sair para pesca a partir de 15 de maio. Mas a demora com a emissão de licenças atrasou ainda mais a saída. A APPAECSC precisou entrar com uma liminar na Justiça para conseguir autorização para a pesca. Segundo o presidente da associação, Ricardo João Rêgo, das 54 embarcações associadas (de todo o Estado), 46 obtiveram a autorização, através de liminar.
— Então, se avaliarmos e contarmos essa demora, podemos dizer que apesar de todos os problemas, ainda tivemos uma safra satisfatória. Até este domingo, as 46 embarcações contabilizaram 278 toneladas de tainha — afirmou o presidente.
O presidente da APPAECSC, Ricardo João RêgoFoto: Felipe Carneiro / Agencia RBS
Segundo o secretário da associação e pescador artesanal, Diogo Laureano, no início de maio, três cardumes grandes de tainha passaram pela região de Florianópolis.
— Quando conseguimos sair para o mar, pegamos apenas o final do último cardume. Se tivéssemos conseguido autorização para sair antes, a safra seria muito melhor. Sem dúvida alguma. Mas a falta do frio também atrapalhou. Esperamos que para o ano que vem não tenhamos tantos problemas — avaliou o pescador.
União entre pescadores
Um grande prejudicado com o atraso nas licenças foi o presidente da associação dos pescadores de Garopaba, Valmir Agostinho do Nascimento, de 69 anos. Sem licença para sair para a pesca no dia 15 de maio, ele precisou esperar o resultado da liminar. Mas foi tarde demais. No dia 21 de maio, uma tempestade fez sua embarcação virar.
— Os cardumes estavam passando, e a gente ali nervoso sem poder fazer nada. Muitos me diziam que era para eu ir e não esperar a liminar. Mas quis fazer o certo. Aí veio a tempestade e destruiu minha safra. Se eu pudesse ter saído dia 15, como o previsto, talvez eu pudesse ter pego algum bom lanço logo nos primeiros dias. Calculo que meu prejuízo foi de cerca de R$ 200 mil — lamentou o pescador.
E mesmo assim, Valmir esteve na festa neste domingo, para se encontrar com os demais amigos pescadores e, claro, comemorar comendo aquela tainha assada com pirão. Porque o desejo é que o ano que vem seja melhor e menos burocrático.
— A gente faz isso desde que nasceu. A tainha é a safra mais esperada do ano. Você pode ver: durante o resto do ano, o barco está de um jeito. Mas para a temporada da tainha, a gente reforma, pinta, limpa. Pescamos anchova, corvina. Mas nada é como a tainha. Ela é responsável por cerca de 50% do nosso lucro, mas é também uma coisa de coração — complementou o pescador Zilto.
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