Ilhas do Atlântico Sul – história e importância econômica e geopolítica
São doze as ilhas do Atlântico Sul. Se começarmos a contagem do Norte para o Sul, a partir do Equador, temos Ascensão, Penedos S. Pedro e S. Paulo; Atol das Rocas, Fernando de Noronha, Santa Helena, Trindade e Martim Vaz; Tristão da Cunha, Ilha Gonçalo Álvares, também chamada Cough Island; Malvinas, Georgia do Sul, Sandwich do Sul e Orcadas do Sul.
O mapa não assinala as ilhas brasileiras. Mas imagine o poder econômico, e geopolítico da Inglaterra, que soube ocupar as ilhas do Atlântico Sul
A maior parte das Ilhas do Atlântico Sul têm em comum a descoberta por navegadores portugueses em seu périplo pelo Atlântico
Ascensão, mais próxima do Equador, tem duas versões. Na primeira teria sido descoberta pelo galego João da Nova, em 1501 quando, a mando de D. Manuel, fazia o trajeto de ida da terceira carreira para a Índia. Na volta, em 1502, o mesmo navegador descobriu Santa Helena, um pouco mais embaixo. Naquela época os portugueses estavam mais interessados no comércio com o Oriente, não se interessaram em ocupar Ascensão. Já Santa Helena, por algum tempo serviu de escala na volta da Índia. No século XVII quando a rota das especiarias deixa de ser exclusividade dos lusos Santa Helena, onde morreu Napoleão, foi disputada por ingleses e holandeses até que, em 1673, os ingleses se apossaram dela de onde nunca mais saíram.
Trindade e Martim Vaz, a 1.200 Km de Vitória, no Espírito Santo, também é obra do mesmo navegador ainda em 1501. A segunda versão para a descoberta de Trindade diz que o descobridor teria sido Tristão da Cunha, em 1508, ao regressar da Índia. Na mesma viagem ele descobriu a ilha que leva seu nome até hoje, bem mais ao sul, considerada o território habitado mais remoto do mundo com apenas 267 cidadãos ingleses. Separada de Tristão da Cunha por 398 Km fica a ilha Gonçalo Álvares, também chamada Cough Island. Quando os ingleses internaram Napoleão em Santa Helena, decidiram por segurança tomar posse de Cough Island para evitar qualquer tentativa de resgate,
Ilha Gonçalo Álvares, ou Cough Island: é considerada pela UNESCO um dos ambientes insulares menos impactados pela ação humana dada a sua localização e dificuldade de acesso. Em seu pequeno espaço abriga uma colônia de aves marinhas considerada a mais importante do planeta. É ainda um dos poucos locais onde espécies exóticas, e os inúmeros problemas que causam, não foram introduzidas (conheça os problemas da introdução de espécies exóticas). Esta ilha teria sido descoberta pelo navegador que a batizou: Gonçalo Álvares. Ao lado dela, parte do mesmo arquipélago, fica Inaccessible Island. O nome já diz tudo…
Penedos São Pedro e São Paulo, mais um conjunto de rochas que uma ilha propriamente, também vieram à luz por obra dos portugas quando a armada de 1511, comandada por Garcia de Noronha, registrou ali seu primeiro naufrágio.
O Atol das Rocas já constava do Planisfério de Cantino, de 1502, primeiro mapa que mostra a conquista do Brasil pelos portugueses. A descoberta é controversa mas, ao que parece, foi obra de Gonçalo Coelho, autor das duas viagens posteriores à descoberta oficial do Brasil, em 1501, e 1502. Numa delas teria havido um naufrágio no local.
Fernando de Noronha, sua descoberta é atribuída ao cristão novo Fernão de Loronha, em 1501, ou 1502; outros historiadores dizem que foi Américo Vespúcio o primeiro a vê-la, na mesma viagem de Gonçalo Coelho, em 1503, quando a nau capitânia naufragou no local. Curioso foi que Loronha arrendou a ilha de Portugal por muitos anos.
Trindade e Martim Vaz, mais uma descoberta do galego João da Nova, provavelmente na mesma terceira carreira da Índia. E esta os portugueses ocuparam até a independência do Brasil embora, por duas vezes, os ingleses a reivindicassem. A primeira em 1700, pelo astrônomo Edmund Halley; a segunda, em 1890, quando os ingleses a ocuparam até 1986. Devolveram-na por mérito dos portugas que nunca abandonaram sua reivindicação.
Tristão da Cunha, descoberta pelo navegador de mesmo nome, em viagem de 1506- 1508. Também considerado um dos locais mais remotos do mundo, com uma população de 267 pessoas de origem inglesa, sete sobrenomes ao todo, que pertencem a apenas 80 famílias.
Existem muitos problemas de saúde entre os habitantes de Tristão da Cunha provocados pelo casamento, e filhos, entre as mesmas famílias.
Ilhas do Atlântico Sul: uma falsa polêmica
Falklands ou Malvinas? Mais uma controvérsia sobre quem foram os descobridores deste arquipélago que fica na plataforma continental da patagônia, a 500 Km da costa argentina. O que se sabe é que o primeiro europeu a nela desembarcar foi o capitão inglês John Strong, em 1690. Mais tarde, em 1764, o capitão francês Louis Antoine de Bougainville fundou ali o assentamento de Port Louis. Posteriormente a França abandonou sua reivindicação para a Espanha que rebatizou a colônia para Puerto Soledad. Em 1765 o capitão inglês John Byron reivindicou-as em nome do rei Jorge III. O arquipélago foi restituído aos ingleses em 1771. Falklands com certeza. Os argentinos nunca o ocuparam apesar do arquipélago ficar em seu quintal.
Orcadas do Sul, arquipélago antártico cuja origem é controversa. Elas fazem parte das descobertas do período heroico da Antártica por foqueiros ingleses. De acordo com o wikipedia ‘As primeiras noticias documentadas de descoberta indicam a chegada de dois caçadores de focas em 1821: o norte- americano Nathaniel Palmer, e o britânico George Powell. Argentina e Inglaterra fizeram reclamações territoriais sobre elas mas, como estão ao Sul do paralelo 60º, são consideradas parte da Antártica cujo tratado internacional congelou reclamações de soberania.
Sandwich do Sul: mais um arquipélago formado por 11 ilhas, desabitadas e cobertas por gelo, que fazem parte do território ultramarino inglês das ilhas Georgia do Sul. Sua descoberta é atribuída a James Cook em 1775 mas, como as outras ilhas sub- antárticas, também entraram para o mapa do mundo no período heroico da descoberta da Antártica quando foqueiros nela desembarcaram por volta de 1818.
Ilhas do Atlântico Sul – descobertas por portugueses, ou foqueiros no período heroico da Antártica, hoje são brasileiras e inglesas
Se temos ilhas oceânicas hoje, especialmente Trindade e Martim Vaz, Penedos S. Pedro e S. Paulo, e ainda Fernando de Noronha, isso se deve ao trabalho do Itamaraty e da Marinha do Brasil que souberam lutar por elas em fóruns internacionais além de mantê-las ocupadas. Mais que a descoberta, o que vale mesmo é a ocupação. O Brasil, ao contrário da Argentina, soube fazê-lo. Por este motivo nossa Amazônia Azul, como dizem os militares, tem hoje quase 13 mil Kms 2.
Note o tanto de zona econômica exclusiva devido à ocupação das ilhas oceânicas brasileiras
Ilhas do Atlântico Sul e a Zona Econômica Exclusiva
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, os países costeiros têm direito a declarar uma zona econômica exclusiva (ZEE) de espaço marítimo para além das suas águas territoriais, na qual têm prerrogativas na utilização dos recursos vivos como não-vivos, e responsabilidade na sua gestão ambiental. Entre outras, diz o texto sobre as ZEE:…’direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo‘…Ou seja, os recursos minerais (saiba mais).
A Inglaterra, apesar de bem menor que o Brasil, tem uma ZEE com quase a metade do tamanho da brasileira, 6. 805 Kms 2, fora o poder geopolítico afinal, com este poderio, quem manda no Atlântico Sul se não a Grã- Bretanha?
(Do www.marsemfim.com.br )