foto: Projectseahorse.org
Cavalo – marinho: no mundo existem cerca de 48 espécies
De acordo com o ISeahorse.org ,o número de espécies de cavalos-marinhos é ponto de conflito para os cientistas, com as relações entre as várias espécies não totalmente resolvidas. O Projeto Seahorse reconhece 48 espécies. No entanto, este número é susceptível de aumentar com mais pesquisas taxonômicas.
Habitat dos Cavalos- marinhos encontrados no Brasil
As três espécies brasileiras estão distribuídas ao logo da costa. Habitam ambientes semelhantes, com a ressalva que o Hippocampus reidi, a mais comum, ocupa tanto os estuários, quanto o mar. Hippocampus erectus e H. patagonicus ocupam o ambiente marinho, sendo raros os registros em estuários.
Turismo desordenado em Maracaípe causa declínio de 80% da população de cavalos- marinhos
Em Maracaípe, ao lado da famosa Porto de Galinhas, PE, existe um santuário destes animais. Os curiosos peixes tornaram- se atração para turistas. O Mar Sem Fim visitou o local na primeira viagem pela costa brasileira, entre 2005 – 2007. Causou forte impressão o grande adensamento da região costeira, e a ocupação desordenada.
O processo em Maracaípe é este: os nativos pegam os animais, colocam no pote e… (foto: mar sem fim)
O turismo, que poderia ser uma solução para as populações nativas do litoral, já que a pesca apresenta um declínio irreversível, acabou resultando no desaparecimento de 80% da população de cavalos- marinhos de Maracaípe.
…e mostram aos turistas. (Foto: mar sem fim)
Nos estuários do Pará, cercados por manguezais, há grande quantidade de Cavalos- marinhos
Esta foi outra surpresa que este site encontrou ao visitar o mercado Ver-o- peso, em Belém. Ali estão à venda pencas de cavalos- marinhos secos. Além de vários outros animais, como cobras por exemplo. E não há fiscalização. Os Cavalos- marinhos secos são vendidos como amuletos, ou afrodisíacos, conforme a crença do freguês.
Cavalos-marinhos mimetizados esta é sua única proteção contra predadores
Ibama reconhece que os Cavalos- marinhos estão na lista mundial dos peixes ameaçados de extinção, mas não toma outra providência além do reconhecimento
Um documento do órgão reconhece o perigo por que passam os peixes desta espécie, não apenas no Brasil, mas no mundo:
Para as duas espécies de cavalos-marinhos da costa brasileira, as cotas foram definidas para manter as capturas e exportações em níveis mínimos, com base nos seguintes relatos de pescadores: (1) as populações já apresentam declínios acentuados nas capturas, (2) as espécies são objeto de extração para múltiplas finalidades, (3) sofrem com a captura acidental em grandes quantidades, (4) que os seus habitats estão submetidos a ações antrópicas negativas e (5) que mundialmente os cavalos-marinhos estão ameaçados de extinção, constando inclusive no Apêndice II da Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora-CITES.
Se, como diz o documento, “as populações já apresentam declínios acentuados” por que permitir sua captura? Só mesmo no país de Macunaíma…
Não há uma norma definitiva sobre a captura de Cavalos- marinhos. O Mar Sem Fm pesquisou no site do Ibama, uma espécie de samba-do-crioulo-doido, como tudo que diz respeito ao mar no Brasil, e encontrou outro dado estranho:
Vitória da Conquista (11/02/2010) – O Escritório Regional do Ibama em Vitória da Conquista, em ação vinculada à “Operação Moda Triste”, apreendeu cavalos- marinhos dissecados, no comércio da cidade. O total em multa chegou a R$ 31 mil. Espécie da Fauna Silvestre Brasileira, os cavalos- marinhos estão na lista de animais sobre explotados, em alguns estados sua captura é proibida.
Causa espanto a parte final: depois de reconhecer que o animal corre risco de extinção no Brasil, e no mundo, o Ibama diz que “em alguns estados sua captura é proibida”. Em alguns? Por que, apenas, em “alguns”? E quais seriam?
Outra curiosidade: os machos são os que ficam grávidos
Proposta de Plano de Gestão “para uso sustentável” de Cavalos- marinhos do Brasil- 2011 (o Plano é do Ibama, as aspas, deste site)
Depois de tudo que já se sabe, em 2011 o órgão perdeu tempo apresentando um imenso Plano de Gestão para “uso sustentável” Cavalos- Marinhos! Entre outras, o documento reconhece que estes animais estão incluídos na Lista Vermelha da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, 2009)
Os principais motivos são:
degradação de seus habitats naturais como bancos de “capim” marinho (seagrass beds), recifes de coral e manguezais, captura incidental em aparelhos de pesca (bycatch), sobre-exploração para uso em medicinas tradicionais como peixes ornamentais, curiosidades ou amuletos
Brasil: um dos maiores exportadores mundiais de cavalos- marinhos
O mesmo plano do Ibama reconhece que
O Brasil participa ativamente do comércio internacional de cavalos- marinhos, sendo um dos maiores exportadores de indivíduos vivos para fins de aquarismo no mundo, e o maior da América Latina (BAUM; VINCENT, 2005).
Cavalos – marinhos tornam-se brincos, pingentes ou chaveiros no Brasil
O Brasil abriga intenso comércio doméstico de animais secos, que são vendidos em feiras-livres, mercados de artesanato, lojas de artigos relacionados a religiões afro-brasileiras ou por vendedores ambulantes que comercializam os exemplares, sobretudo na forma de brincos, pingentes ou chaveiros.
Não é precios pesquisar muito para achar a venda de cavalos- marinhos na web. Importante: O Ibama permite a venda daqueles criados em cativeiro. Duro é saber quais são extraídos na natureza, quais os de criatórios. Solução? Proibir e fiscalizar.
Cavalos- marinhos: 20 milhões comercializados por ano; panacéia na medicina asiática; eles fazem parte da mitologia
Matéria da Folha de S. Paulo diz que mais de 20 milhões de peixes são comercializados por ano, envolvendo 40 países e territórios. Eles existem há mais de 40 milhões de anos. Na medicina asiática o cavalo- marinho é quase panacéia, receitado para praticamente todos os males. Por isso os preços altos. Em Hong Kong o quilo pode alcançar US$ 1.200 dólares. Eles também fazem parte da mitologia, atribuindo-lhes os antigos romanos o privilégio de puxar o carro de Netuno.
Por que proteger os Cavalos- marinhos
De acordo com o projectseahorse.org, os principais motivos para protege-los são:
Os cavalos-marinhos devem ser protegidos por razões biológicas, ecológicas e econômicas. Sua extraordinária história de vida – apenas o macho fica grávido e algumas espécies são sazonalmente monogâmicas. Eles são predadores importantes de organismos que habitam o fundo; removê-los pode perturbar os ecossistemas costeiros. Eles também são uma importante fonte de renda e segurança alimentar para os pescadores de subsistência em muitas partes do mundo. As proteções para os cavalos-marinhos beneficiam muitas outras espécies e ecossistemas marinhos.
No Brasil os Cavalos-marinhos não constam na lista oficial das espécies ameaçadas de extinção
Infelizmente, apesar de todo o reconhecimento da situação crítica, aqui o peixe consta apenas da lista das espécies sobre- exploradas. É preciso mudar este quadro urgente, é óbvio que o animal está ameaçado de extinção. Vamos muda-lo de lista?
No Brasil Cavalos- marinhos tornan-se brincos, ou pingentes. Na China vendem-se animas marinhos plastificados. Quem é pior? Duro saber.
(Do marsemfim.com.br/)
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