Foto Jim Wickens |
Peixes que alimentavam pessoas hoje servem de ração para animais cultivados
Postado por Matheus Henckmaier |
Joal é uma cidade costeira localizada 100 km ao sul da capital do Senegal, Dakar, onde funciona um entreposto de defumação de pescado gerido por mulheres senegalesas, que fornecem produtos para toda a África Ocidental. O entreposto faz parte de uma indústria pesqueira que emprega aproximadamente 1 milhão de pessoas no país. Nos últimos anos diversas indústrias se instalaram na costa senegalesa em busca de sardinhas e arenques mais baratos para a formulação da farinha de peixe. Isto fez com que as mulheres defumadoras perdessem seu poder de barganha com os pescadores. “Nós mulheres estamos lutando para competir”, revela Mariane Tening Ndiaye, representante da associação das mulheres defumadores de pescado. “O preço que temos de pagar para os peixes no porto aumentou desde que as fábricas de farinha de peixe chegaram.”
Segundo especialistas, o que torna esta atividade no Senegal ainda mais preocupante é que toda a região é propensa à seca, assim, as pessoas nativas necessitam de uma alimentação baseada em peixes também. “Para compreender verdadeiramente o impacto potencial da farinha de peixe, devemos ter noção de quão importante os peixes são em um país como o Senegal” diz o Dr. Alessane Samba, cientista pesqueiro do Senegal. “Na aldeia que cresci comíamos carne somente duas vezes por ano, o resto dos dias comíamos apenas peixe,” revela. As indústrias de farinha de peixe no Senegal normalmente produzem apenas 200 kg de pó de farinha a partir de uma tonelada de peixe fresco. Esta proteína tinha como destino a mesa dos senegaleses, mas hoje alimentam peixes e outros animais de cultivo. Isto numa das regiões mais famintas do planeta.
(Fonte Independent - via http://observasc.net.br/)
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