quinta-feira, 4 de agosto de 2016

TAINHAS - FIM DE SAFRA


Grandes lanços foram registrados no Estado
Foto Marco Favero / Agencia RBS

SC encerra safra da tainha com número recorde na pesca artesanal
Pescadores comemoram maior captura dos últimos 40 anos

por Gabriela Wolff
gabriela.wolff@horasc.com.br

Terminou em 31 de julho a temporada de pesca da tainha no litoral catarinense, e os resultados estão sendo comemorados pelos pescadores artesanais. De acordo com aFederação dos Pescadores de Santa Catarina (Fepesc), foram capturados 3.542 toneladas do pescado na modalidade artesanal, maior quantidade dos últimos 40 anos.


A Ilha de Santa Catarina, que contempla toda a região da Grande Florianópolis, capturou o maior número, com 1.179 toneladas, o que corresponde a cerca de 33% da safra. Em segundo lugar ficou a cidade de Laguna, com 542 toneladas, seguido de Bombinhas, com 295 toneladas.

O presidente da Fepesc, Ivo Silva, comemorou a safra recorde e atribuiu os bons números ao frio:
— Este ano o tempo colaborou muito, o frio chegou cedo e foi duradouro, o que traz a tainha pro nosso litoral. Se você olhar o balanço por mês, em maio tivemos 2.370 toneladas, enquanto junho já caiu para 1.094 e julho foram 78 toneladas — disse.
Em Florianópolis, a Barra da Lagoa ficou em primeiro lugar, com 841 toneladas, seguido dos Ingleses, com 156 toneladas, Retiro da Lagoa, com 35 toneladas e Pântano do Sul, com quatro toneladas. Ivo explica que a contabilidade é feita por onde o pescado é descarregado:

— Na Lagoa não tem tainha, mas temos embarcações que descarregam ali. A conta é feita assim pois temos as embarcações com rede anilhada que saem para outras praias — explicou. 

Fepesc vai a Brasília na próxima semana

Na próxima semana, representantes da Fepesc tem uma reunião agendada com o secretário da pesca do Ministério da Agricultura para tratar da pesca da tainha. Ivo Silva explica que o objetivo é preparar a safra com mais antecedência, para evitar os problemas recorrentes de falta de licenças para os pescadores:

— Queremos começar a discussão mais cedo, para que em março já esteja tudo certo e o pescador consiga se preparar, saber se pode investir em rede.

Em 2016, pescadores artesanais de rede anilhada tiveram problemas para obter licenças, assim como pescadores industriais. O principal motivo alegado pelo governo é que muitas embarcações teriam pescado em áreas proibidas no ano anterior.

A Fepesc também vai pedir que sejam feitos mais estudos técnicos e estatísticos da pesca, para evitar especulações sobre o fim da espécie:

— Na pesca artesanal, somos nós que fazemos as estatísticas com o apoio das colônias. Falta pesquisa para saber a situação real — desabafa.


Pesquisas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) indicam que a população de tainha vem diminuindo no litoral sul do Brasil. Em entrevista ao Hora de SC em 16 de junho, o oceanógrafo Paulo Ricardo Schwingel, pesquisador do Grupo de Estudos Pesqueiros (GEP) da (Univali), fez o alerta:

— Se não houver um ordenamento da pesca, nós podemos levar, ao longo dos anos, a um colapso da pescaria. Obviamente que isso não acontece de um ano para o outro, mas ao longo de gerações. A tainha vive cinco anos na Lagoa dos Patos, depois vai para o mar desovar. Então, de duas ou a três gerações, ou seja, 10 a 15 anos, já podemos ter um resultado bem nocivo — explicou.

(Do www.clicrbs.com.br)

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