Siri mole, cultivando uma iguaria
Como todo crustáceo, o siri é coberto por uma carapaça rígida (exoesqueleto) que de tempos em tempos necessita ser substituída para que ele possa crescer ainda mais. Este processo é conhecido como muda ou “ecdise”. Para dar início a esta fase o siri busca acumular reservas nutritivas aumentando consideravelmente sua alimentação. Logo após esta fase o animal absorve água e incha, aumentando o volume do seu corpo até romper sua antiga carapaça. Em questões de horas o siri permanece sem sua “armadura”, ficando totalmente mole e desprotegido, tendo o corpo coberto apenas por uma fina película que é a base de sua nova carapaça, um tipo de pele, frágil e macia. Daí o nome, “siri mole”: a sua forma mais fácil de ser consumida.
No Brasil, normalmente o siri mole é obtido a partir de animais coletados diretamente do ambiente natural, onde pescadores treinados, e que conhecem os refúgios da espécie no momento da ecdise, capturam os animais e comercializam para atravessadores. Em outros países, além de serem capturados no meio, o siri mole também é cultivado! Para tanto, são selecionados apenas indivíduos em estágios de pré-muda, os quais são transferidos para o sistema de produção até realizarem a muda. Comercialmente o cultivo de siris sofre uma série de entraves, desde o canibalismo destes crustáceos nas fases inicias de cultivo até a dependência do monitoramento 24 horas por dia à espera da ecdise por observadores treinados.
Estruturas flutuantes para o cultivo do siri mole.
Na Austrália, buscando suprir a demanda do mercado interno e externo, um especialista em aquicultura da empresa “Watermark Seafoods”, após cinco anos de trabalho, desenvolveu um sistema robótico e inovador capaz de detectar o siri instantes após a muda e realizar a sua despesca individual para a comercialização. Totalmente automatizado, o sistema pode monitorar de forma contínua até 40.000 siris mantidos em um ambiente controlado e em compartimentos individuais.
Este mecanismo é projetado para fazer uma verificação em cada siri no intervalo de 2 horas, onde primeiramente o robô determina através da captura de imagens se o crustáceo encontra-se no compartimento individual. Em seguida ele alimenta o siri, verificando se o animal está consumindo o alimento ou não. Quando o animal para de comer, o robô aciona o alarme do sistema, pois sabe-se que dentro de três dias o siri realizará a muda. Após o processo de ecdise o robô detecta o animal recém-mudado através da captura de imagens e análises feitas por um processador com software que determina se o crustáceo mudou pela presença de dois corpos em um compartimento (o corpo do siri e a exúvia, sua antiga carapaça). Por fim, o robô remove o siri da água e o mesmo está pronto para o beneficiamento e comercialização.
Segundo Angus Cameron (criador do robô), este sistema automatizado é muito eficiente, e futuramente o objetivo da empresa é comercializar a tecnologia para outras empresas do ramo.
Hambúrguer de siri mole.
(Do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais: Robótica na produção de siri mole.)
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