De 'rafting semeador' a olaria, conheça 15 passeios de imersão em Floripa
POR JÚLIA BARBON
ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
O gosto da água salgada, o peso da malha em uma mão e os fios macios e molhados na outra. É assim que os turistas –com pés descalços, sobre um banco de areia no meio da baía sul de Florianópolis (SC)– aprendem a jogar a tarrafa, rede de pesca que precisa ser mordida antes de ser arremessada.
A aula com os pescadores é uma das atrações de um projeto de turismo de experiência na região, lançado em dezembro do ano passado pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Santa Catarina.
A ideia é incentivar e mostrar atividades que vão além das praias badaladas e fazer com que pequenos grupos de visitantes "se misturem" à cultura dos moradores.
Pescador há 57 anos, Assis Martins, 69, é um dos guias do passeio. "Hoje levei o pessoal só para conhecer, mas amanhã vou pegar todos vocês", brada ele aos peixes, antes de levar o grupo de volta à terra firme.
Na pequena casa de madeira que serve de rancho de pesca, a família de Assis serve um saboroso parati frito, fisgado ali mesmo, com pirão e rodelas de tomate. Na cadeira ao lado, a sogra de seu filho, Vanda Fernandez, 69, tece uma renda de bilro –artesanato de tecelagem típico de Portugal–, da forma como aprendeu com sua avó, aos oito anos de idade.
Outros passeios fazem parte do programa. Mais ao sul da ilha, a opção é visitar uma fazenda de ostras e aprender como elas são cultivadas –Santa Catarina é o Estado que mais produz os moluscos no Brasil. A R$ 50 por pessoa, é possível degustá-las, naturais e ao bafo, acompanhadas de espumante.
Há ainda alternativas como "dar banho" nas tartarugas do Projeto Tamar –usando uma espécie de rodo com o qual se esfrega o casco dos animais–, um mergulho para iniciantes ou veteranos e um passeio pelo centro histórico, que começa no Mercado Público (leia mais abaixo).
Dona de restaurante, Claudia Martins, 48, virou também espécie de guia da região. Entre um "Tais vendo, nega?" e outro, ela apresenta aos turistas a quitanda da família –as ervas chegam de uma área rural, "de um senhorzinho de 96 anos" que as leva até o mercado pessoalmente, de ônibus. São os visitantes que escolhem os ingredientes usados para preparar o almoço.
O tour acaba em um piquenique, com vista para a clássica ponte Hercílio Luz, enquanto o pôr do sol banha a "ilha da magia".
Deixando espalhar um cheiro de terra úmida e café fresco, a engenheira aposentada Rita Stotz, 59, abre a porta de sua casa aos turistas.
Depois de servir bolo de banana e explicar a arte da olaria –como ela diz, é "taca-le pau no barrinho"–, Rita ensina a fazer objetos de argila junto a outras duas amigas, em clima de casa de avó.
A oficina com as Meninas da Terra, nome que o trio criou quando decidiu se profissionalizar, é uma das atrações de turismo de experiência em São José, município da Grande Florianópolis.
Outras cidades da região também oferecem atividades. Um pouco mais afastados da capital, a 18 quilômetros, moradores de Biguaçu convidam o visitante para a capoeira.
Sobre o chão de um casarão do século 19 construído por mãos escravas, eles ensinam os movimentos básicos da dança. Emendam no samba de roda, na puxada de rede e no maculelê, outras expressões afro-brasileiras.
Para turistas que desejem experiências mais radicais, a cidade de Santo Amaro da Imperatriz abriga um trecho do rio Cubatão do Sul usado para fazer rafting. Com uma diferença. Além de descer as corredeiras, os participantes têm a missão de ajudar a recuperar suas margens.
Ipê-amarelo, canjerana, tanheiro, jambolão: a brincadeira é arremessar com um estilingue, a bordo dos botes infláveis, sementes de plantas nativas para que elas possam nascer e voltem a povoar o local de onde nunca deveriam ter saído.
1. ECORAFTING
Enquanto desce as corredeiras de bote, o visitante pode arremessar sementes de árvores nativas com estilingues nas margens do rio Cubatão do Sul, para ajudar a reparar a mata ciliar (R$ 90)
MAIS apuamarafting.com.br
2. MENINAS DA TERRA
Três amigas ensinam a fazer e a pintar objetos de barro, com direito a um acolhedor café da tarde (R$ 60)
3. HISTÓRIA PARA TODOS
Passeio pelo centro histórico de São José organizado para surdos, com oficina de abayomis (bonecas de pano), olaria e artesanato (R$ 200 por grupo)
4. FEIRA DA FREGUESIA
Com dança, teatro e artesanato, a feira acontece todo segundo domingo do mês no centro histórico de São José (grátis)
5. ENTRE GINGAS E HISTÓRIAS
Em um casarão do século 19, dançarinos convidam os visitantes a participar de um show de capoeira. Ao final, é servido caldinho de feijão (R$ 100)
MAIS apino.com.br
6. EXPERIÊNCIA DE MERGULHO
Durante o mergulho guiado, o visitante leva imagens para identificar espécies marinhas. Há adaptação para pessoas com deficiência (a partir de R$ 235)
7. FAÇA SUA CAIPIRINHA
Com os ingredientes e apetrechos à mesa, o cliente aprende a preparar o drinque típico (R$ 28)
8. JOGOS DA EXPERIÊNCIA
Pousada organiza campeonatos de jogos de carta e de tabuleiro, principalmente para idosos. Também há sinuca, pebolim e jogos ao ar livre (entre R$ 150 e R$ 300, por dois dias)
9. RATONES - DA TERRA AO PRATO
Após trilha, é possível colher e experimentar alimentos orgânicos e frescos, que são plantados no rancho (R$ 110)
10. PALADARES DA 10ª ILHA
Turista pode escolher ingredientes no Mercado Público, preparar pratos típicos e fazer um piquenique com vista para ponte Hercílio Luz (R$ 60)
11. FLORIPA BY BUS
São cinco roteiros guiados pela ilha, de ônibus ou de barco, de dia ou de noite, com trilha sonora regional e histórias da cultura local (de R$25 a R$130)
MAIS floripabybus.com.br
12. HORA DO BANHO DAS TARTARUGAS
No Projeto Tamar, o visitante pode dar peixe para as tartarugas comerem e limpar seu casco com uma espécie de rodo (R$ 12)
MAIS projetotamar.org.br
13. O HOMEM DO MAR
É possível alugar um barco por algumas horas, com um piloto, navegar no rio da Barra e na lagoa da Conceição e dar um mergulho no mar (R$ 130; mínimo de 2 pessoas)
MAIS apino.com.br
14. UM DIA INESQUECÍVEL
Pescadores locais levam visitantes a bancos de areia em reserva ecológica e ensinam a jogar a tarrafa (rede de pesca). Há degustação de pirão e peixe da região inclusa no passeio (R$ 65)
15. OSTRA XPERIENCE
Dá para ver como esses moluscos são cultivados e há uma degustação com champanhe e ostras naturais e preparadas ao bafo (R$ 50)
(Da Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário