História sobre o submarino alemão afundado na costa catarinense será revelada em detalhes em documentário
Família Schürmann vasculhou o mar em busca do submarino, mas não obteve permissão da Marinha do Brasil para ingressar no interior
por Viviane Bevilacqua
viviane.bevilacqua@diario.com.br
Há exatos 70 anos — completados nesta sexta-feira — um hidroavião norte-americano bombardeou e afundou o submarino alemão U-513 na costa catarinense, em plena Segunda Guerra Mundial. A história sobre este gigante dos mares é fascinante e será revelada em detalhes no filme Em busca do Lobo Solitário, documentário que está sendo produzido pela Família Schürmann.
Os velejadores catarinenses, conhecidos por suas viagens de volta ao mundo a bordo do veleiro Aysso, durante cinco anos (três em terra e dois na água) trocaram a aventura nos sete mares pela procura incessante ao submarino afundado pelos Países Aliados. Tanto esforço teve sua recompensa: o U-513 foi encontrado pelos Schürmann — com a ajuda da tecnologia e de pesquisadores da Univali — no fundo do mar, a 85 quilômetros da costa leste de Florianópolis, quase intacto. Isso aconteceu no dia 14 de julho de 2011, numa profundidade de 135 metros. Mais tarde, a embarcação foi fotografada com o auxílio de um robô, e as imagens em instantes espalharam-se pelo mundo.
Todas as histórias incríveis da busca pelo submarino U-513, apelidado de "Lobo Solitário", estarão no filme/documentário, atualmente em fase de pós-produção. Vilfredo Schürmann e sua equipe buscam recursos para a sua finalização através da lei de audiovisual para filmes. Além disso, antecipa o capitão da expedição, deverá ser firmada parceria entre a Família Schürmann e o Grupo RBS para a realização de uma série para a TV sobre o U-513, após a conclusão da película, que terá duração estimada de 90 minutos. O roteiro é de Guilherme Stockler e o filme tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2014.
— Já temos 60% dos recursos, e agora estamos apresentando o projeto aos empresários catarinenses para captar o restante — informa Vilfredo.
Trabalho de equipe para encontrar o U-513
Vilfredo Schürmann soube da história do afundamento do U-513 na costa catarinense em 2002, e desde então se interessou pelo assunto. Começou as pesquisas, que se intensificaram a partir de 2006 quando toda a família e mais um grupo de pesquisadores voluntários entraram de cabeça no projeto.
— Passamos os últimos 11 anos pesquisando, entrevistando especialistas e pessoas envolvidas com a história desse submarino no Brasil, na Alemanha e nos Estados Unidos. Fizemos um levantamento de dados massivo, checamos e rechecamos informações, definimos uma área de busca, juntamos uma equipe de arqueólogos, oceanógrafos, biólogos marinhos e engenheiros que vestiram a camisa — relata Vilfredo.
Foram realizadas 18 saídas de barco, rebocando um sofisticado equipamento de detecção usado no mundo inteiro na localização de naufrágios. Segundo o capitão da expedição, o trabalho foi árduo.
— Não foi fácil. Enfrentamos mau tempo, quebras de equipamento e outros imprevistos, mas persistimos. E depois de dois longos anos varrendo o fundo do mar finalmente localizamos o submarino. Tivemos que ser muito cuidadosos para finalmente poder dizer: "sim, é ele." Uma notícia dessas corre o mundo inteiro, pois não é todo dia que se encontra um submarino alemão da Segunda Guerra Mundial escondido por quase 70 anos. Foi uma emoção indescritível — relembra Vilfredo, que se emociona ao lembrar-se daquele dia. O U-513 foi encontrado no dia 14 de julho de 2011, a 135 metros de profundidade.
Marinha não permite exploração do submarino
O projeto da Família Schürmann, a partir da descoberta do submarino alemão, era explorar o seu interior para poder estudá-lo. Depois, construir uma réplica e colocar dentro dela objetos retirados do U-513, como o enigma (máquina de códigos utilizada na comunicação entre os submarinos alemães), e abrir para visitação pública.
A Marinha brasileira, entretanto, enviou ofício à Família Schürmann, em abril deste ano, negando a licença para explorar o interior do submarino. O U-513 só pode ser filmado por fora. As alegações oficiais são de que "não há qualquer interesse público que justifique a exploração" e que o submarino é um "túmulo de guerra", já que nele estão sepultados os restos mortais de 46 dos 53 tripulantes alemães da embarcação. Sete sobreviveram graças aos botes salva-vidas lançados por aviões americanos. Eles foram resgatados um dia depois do bombardeio pelo navio Tender USS Barnegat, dos EUA, que estava na costa catarinense.
— Não queremos polêmica. Já decidimos que não iremos explorar a embarcação. É pena, porque com flutuadores seria possível deslocar o U-513 para uma profundidade menor, de 35 metros, e transformá-lo num grande centro de turismo submarino, com mergulhadores de todo o mundo vindo a Santa Catarina — ressalta Vilfredo Schürmann.
Ficha técnica
Documentário: U-513 — Em busca do Lobo Solitário
U-513 In Search of the Lonely Wolf
Português, inglês, alemão / Documentário / digital / Cor
Diretor: David Schürmann
Cast: Família Schürmann
Produção: Schürmann Film Company
Local da Filmagem: Brasil, Estados Unidos, Alemanha
Sinopse: Documentário relata a busca realizada pelo velejador Vilfredo Schürmann, sua família e equipe pelo submarino alemão U-513, naufragado na costa catarinense durante a Segunda Guerra Mundial. O filme parte da busca pelo submarino bombardeado por um avião americano em 1943 para então ampliar a perspectiva e mostrar todas as circunstâncias relacionadas à este episódio. Serão apresentadas as razões que levaram o U-boat à costa brasileira, a batalha entre as Forças áreas americanas e a Marinha alemã na Segunda Guerra Mundial, como se deu o ataque ao U-513, o destino dos sobreviventes do naufrágio, depoimentos dos familiares dos envolvidos no acontecimento e curiosidades reveladas por meio das imagens submarinas da embarcação.
Previsão de estreia: Primeiro semestre de 2014
(Do DIÁRIO CATARINENSE - www.clicrbs.com.br)
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