ESCUTO O MAR
Escuto o mar. Não são palavras
que sobem do convés até a gávea
nem coro de gaivotas, praga de praia
ou canto de sereia, funda odisseia
Nem temporais que urram pelo mapa
ou velas esgarçadas pelo uso
peixe que salta em fuga de si mesmo
abordagem pirata em voo cego
Talvez nem seja som, truque do vento
articulado no pico de vulcões extintos
ou as parábolas de navios submersos
Vem de dentro o que ouço no silêncio
algo maior, cordão ligado à literatura
tábuas da profecia descendo o monte
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