LITORAL
Ilha do Mel rejeita proposta de concessão para gestão privada do turismo
Débora Mariotto Alves
Duas audiências públicas foram realizadas entre quinta (26) e sexta-feira (27) nas comunidades de Brasília e Encantadas, na Ilha do Mel, no Litoral do Paraná, para tratar dos estudos que estão sendo feitos para implantar um novo modelo de gestão na ilha. Outros três parques estaduais também são alvos de estudos para que tenham a administração transferida do poder público para a iniciativa privada. A possibilidade de concessão não agradou aos moradores e comerciantes presentes na reunião.
“É importante deixar claro que tudo está em fase de estudos, não tem nada sendo licitado”, diz Ana Luíza da Riva, do Instituto Semeia, responsável pelos estudos. O trabalho desenvolvido pelo instituto deve ficar pronto apenas no primeiro trimestre de 2016, quando será entregue ao governo do Paraná. “O modelo de concessão não foi visto como algo benéfico para a ilha. A comunidade acredita que o modelo ideal seja de cogestão”, explicou Ana Luíza. No modelo proposto, a parceria seria entre a comunidade e o governo em vez de envolver a iniciativa privada.
“A ilha já consegue dividir interesses com a Prefeitura de Pontal do Paraná, com a Prefeitura de Paranaguá e com o governo. Agora precisaria trabalhar os parâmetros dessa gestão compartilhada”, avalia João Lino de Oliveira, morador da ilha há 30 anos. Para ele, a ampla participação popular nas audiências, com público estimado em 150 pessoas nos dois dias, foi positiva já que a comunidade rejeitou a proposta e pôde apresentar o modelo que julga ideal.
O modelo de concessão, proposto inicialmente, segundo a comunidade, impactaria em toda a lógica turística da ilha. “Afeta o transporte entre continente e ilha, o transporte dentro da ilha, pra nós seria muito danoso. Precisa melhorar aquilo que é deficiência da ilha, que é a infraestrutura. Somos o 2º polo de atração turística no Paraná, segundo a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo)”, pondera.
De acordo com a Prefeitura de Paranaguá, município ao qual pertence a Ilha do Mel, faz parte das etapas práticas a construção de um trapiche. “Seremos parceiros em todo e qualquer projeto que venha a somar e valorizar a exploração turística, com geração de emprego e renda”, afirma Silvio Bezerra Geraldo, secretário municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento, que é responsável pela Ilha do Mel.
A manifestação popular não garante a adoção do método proposto. Segundo o Instituto Semeia, será preciso avaliar a viabilidade da implantação do sistema de cogestão na ilha. A palavra final é do governo estadual e não tem um prazo para ser apresentada.
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