quinta-feira, 12 de novembro de 2015

NAVEGANDO COM O SOL

Equipe Vento Sul da UFSC Florianópolis defende título na categoria livre
Foto: Guto Kuerten / Agencia RBS

Quatro barcos catarinenses participam do Desafio Solar Brasil 2015

Desenvolver o projeto de um barco movido apenas por energia solar e colocá-lo para navegar com eficiência energética e de desempenho é o desafio de aproximadamente 350 estudantes que disputam, a partir de desta quarta-feira, Desafio Solar Brasil 2015, na cidade de Búzios, Rio de Janeiro. Das 14 embarcações previstas para o evento, quatro delas são catarinenses. Destaque para as equipes daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que defendem os títulos nacionais nas categorias Livre e Catamarã.

Todos os barcos têm um motor elétrico alimentado pela energia solar gerada a partir de quatro placas fotovoltaicas que são iguais para todos os competidores. A diferença de desempenhos está nos projeto e nas estratégias usadas. A equipe Vento Sul da UFSC de Florianópolis é a maior campeã da competição com 10 conquistas desde 2009 e em 2015 retorna ao litoral fluminense para manter a hegemonia com o barco monocasco, na categoria Livre. Batizado de Guarapuvu, a embarcação pode atingir até 30km/h na prova mais veloz da competição.

— E desde que tenha sol e em modo econômico de energia, o Guarapuvu pode navegar infinitamente a uma velocidade de até 5 km/h — explica o capitão da equipe e estudante de Engenharia Civil Bruno Leonardo Silva.

Mas apesar da competição e da realização em ver o seu projeto navegando com eficiência, a grande motivação das equipes está no desenvolvimento do conhecimento técnico sobre embarcações e energias sustentáveis e no trabalho em grupo. Jéssica de Oliveira, capitã da equipe Hurakan, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc - Joinville), ressalta a evolução com o trabalho em equipe.

— Em dois anos crescemos muito e ano passado ficamos em terceiro lugar, mas o que mais nos motiva é o trabalho em equipe com pessoas de áreas diferentes — destaca Jéssica que lidera um time de 24 pessoas.

Na equipe Vento Sul, que passa por uma renovação e abrirá um disputado processo de seleção após o Desafio Solar Brasil 2015, são oito integrantes, de primeiras fases a doutorandos, de quatro engenharias diferentes: mecânica, elétrica, civil e química. Há três anos, a equipe doou para o IFSC um barco monocasco que serviu como primeiro projeto para a outra equipe de Florianópolis iniciar os seus próprios estudos.

— Acredito que seja uma das melhores forma de ensino. Os alunos aprendem, testam fazendo e competindo. O resultado é muito bom porque há engajamento e troca de conhecimento entre eles. Eles constroem, erram, refazem e vão crescendo — avalia o professor Orestes Alarcon, coordenador do projeto na UFSC.

O resultado a longo prazo pode ser o desenvolvimento de profissionais qualificados para aplicar o mesmo conhecimento em outras áreas e serviços para a sociedade.

— A mesma tecnologia que usamos no barco pode ser aplicada a outros veículos. E também podemos, quem sabe, fazer um barco entre a Ilha de Santa Catarina e o continente, ou até mesmo o barco que vai de Itajaí a Navegantes, em que ambos poderiam ter redução de gastos e poluentes com painéis solares — sugere Silva.

Como são as provas

As provas do Desafio Solar Brasil 2015 são divididas em 5 disputas. Três delas são de longa duração. Em uma prova, o tempo de percurso pode durar horas, e a eficiência do sistema é colocada em xeque. Outra prova é um circuito onde o piloto precisa contornar boias e a dirigibilidade do barco é testada. Por fim uma prova curta de corrida para ver quem tem o barco mais potente. Vence quem acumular o menor tempo no somatório de todas a provas, mas há pesos diferentes para cada uma delas.

— Para cada prova precisamos levar em conta uma estratégia, porque nem sempre tem sol. O dia pode estar nublado e é preciso administrar a energia acumulada — explica Silva.

Para ter sucesso nas competições e também poder participar das etapas mundiais que ocorrem em Mônaco e Holanda, as equipes contam com apoio de empresas privadas. Mas ainda assim os recursos são escassos para o desenvolvimento dos projetos e custeio de viagens e inscrições.

(Do DIÁRIO CATARINENSE - www.clicrbs.com.br)

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