quarta-feira, 16 de setembro de 2015

MAR DE PLÁSTICO

Foto: Sparkle Motion/Flickr

| Postado por Patricia Sunye 

Em 1960, foi encontrado plástico no estômago de menos de 5% de aves marinhas. Em 2010 esta percentagem tinha subido para 80%. Um novo estudo prevê que, até 2050, 99% das espécies de aves marinhas do mundo vai estar comendo plástico acidentalmente se não tomarmos medidas para limpar os oceanos.

A poluição de plástico no oceano é uma preocupação global: as concentrações atingem 580.000 peças por km2 e a produção aumenta exponencialmente. Aves marinhas são reconhecidamente vulneráveis a este tipo de poluição. Muitos de vocês já devem ter visto a foto ao lado: uma carcaça de albatroz cheia de lixo plástico não digerido. Mas o quão abrangente é esse problema enfrentado pelas aves marinhas? 
Para ajudar a responder a essa pergunta, foi realizada pela primeira vez uma análise global sobre a ameaça da poluição de plástico para espécies de aves marinhas. O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que quase 60% de todas as espécies de aves marinhas estudadas tinham plástico em seu sistema digestivo. Este número é baseado na revisão de relatos prévios na literatura científica, mas se for usado um modelo estatístico para inferir o que seria encontrado no momento atual e incluir espécies não estudadas, estima-se que mais de 90% de aves marinhas tenham comido lixo plástico.

Os autores usaram uma mistura de levantamentos bibliográficos, modelagem oceanográfica e modelos ecológicos para prever o risco de ingestão de plástico para 186 espécies de aves marinhas no mundo. As aves marinhas podem ter quantidades surpreendentes de plástico em seu sistema digestivo. Trabalhando em ilhas ao largo da Austrália, os autores encontraram aves com plásticos que chegavam a 8% do seu peso corporal. Imagine uma pessoa que pesa 62 kg com quase 5 kg de plástico em seu aparelho digestivo. E depois pense sobre o que isso significa em termos de volume, uma vez que muitos tipos de plástico são projetados para ser tão leve quanto possível. Quanto mais plástico uma ave marinha encontra, mais ela tende a comer, o que significa que um dos preditores da quantidade de plástico no sistema digestivo de uma ave marinha é a concentração de plástico no oceano da região onde ela vive. 
Esta constatação aponta o caminho para uma solução: reduzir a quantidade de plástico que vai para o oceano reduziria diretamente o montante que as aves marinhas (e outros animais selvagens) acidentalmente comem. Isso pode parecer óbvio, mas analisando o conteúdo do estômago dos pássaros, muitos dos itens enocntrados são coisas que as pessoas usam todos os dias, por isso, a relação com o lixo produzido por nós é clara.Os maiores impactos foram observados na fronteira sul dos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, uma região considerada relativamente intocada. Embora as evidências dos impactos da poluição de plástico em nível da população ainda seja emergente, os resultados sugerem que esta ameaça é geograficamente abrangente e aumenta rapidamente.

Acesse o artigo, em inglês, clicando aqui.

(Do http://www.observasc.net.br/)

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