terça-feira, 29 de setembro de 2015

CULTIVANDO NO MAR



Epagri apresenta tecnologia para produção de sementes de mexilhão 

A Epagri apresentou os primeiros resultados de ensaio para produção de sementes de mexilhão, que vai ampliar o volume do molusco produzido em Santa Catarina. A apresentação aconteceu no dia 16 de setembro, durante o Seminário Técnico da Fenaostra, em Florianópolis.

As sementes têm sido um entrave na produção de mexilhões em Santa Catarina. Dados do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Cedap) revelam que Palhoça, Bombinha e Governador Celso Ramos, os maiores produtores do Estado, enfrentaram nos últimos cinco anos estagnação e até redução de safra, relacionada à indisponibilidade de sementes.

“Antigamente os maricultores rapavam as sementes de mexilhões dos costões e depois passaram a usar coletores, mas o resultado é muito variável” explica Felipe Matarazzo Suplicy, pesquisador do Cedap (foto). Preocupado com esse cenário, ele começou a estudar soluções adotadas por outros países e desenvolveu o ensaio para produção de sementes de mexilhões.


“A UFSC já produzia larvas de mexilhões em laboratório, faltava uma técnica para passar ao maricultor”, conta Felipe. Ele explica que as larvas vivem por até 30 dias, daí precisam se fixar em algum ponto. Então entra a solução desenvolvida por ele. Com base no que já é feito na Austrália, Felipe enrolou uma corda de 500 metros num suporte de metal. Isso é depositado num tanque com água do mar e as larvas.

Dentro de três semanas as larvas grudam na corda e se transformam em pequenos mexilhões. Nessa fase, o conjunto vai para o mar, onde ainda fica protegido por uma tela para evitar a predação por outras espécies. O próximo passo é lançar essa corda ao mar, onde o cultivo é concretizado.

Essa técnica de cultivo, com uma única corda ao invés de pequenas cordas penduradas ao longo de um cabo central, é chamada de cultivo mecanizado. Facilitando a colheita e diminuindo o esforço humano, a técnica já vem sendo aplicada por maricultores catarinenses. Quando a nova tecnologia de produção de sementes estiver pronta para ser implementada, ela vai se juntar a esse sistema para completar o ciclo mecanizado de produção de mexilhões em Santa Catarina.

A intenção do pesquisador da Epagri é criar centros de assentamentos remotos de sementes nas regiões produtoras. Nesses casos, os maricultores se reuniriam em associações ou cooperativas para instalação dos tanques onde as larvas seriam cultivadas até o momento de ir ao mar, dividindo assim os investimentos necessários. Essa parte do processo poderia também ser assumida por empresas privadas, de onde os produtores comprariam a corda já com a semente, explica Felipe.

Agora o ensaio de Felipe será ampliado e se tornará uma pesquisa, financiada pela Fapesc e pelo Programa SC Rural. Ele espera que dentro de um ano os maricultores catarinenses já possam utilizar a nova técnica de criação de sementes de mexilhões.

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