Acreditando que a comoção pudesse modificar a decisão judicial de despejo, os moradores se reuniram na frente do Fórum Foto Salmo Duarte / Agencia RBS
Pescadores despejados de casa protestam em frente ao Fórum de Joinville
Decisão judicial determinou a saída das famílias de área ao lado do Parque Porta do Mar
Quando olham para os filhos e avaliam quantos bocas precisam alimentar, os pescadores despejados de um loteamento às margens da baía da Babitonga, no bairro Espinheiros, ficam desolados. Além de perder a casa, as famílias perderam o trabalho, pois dependiam do acesso para atuar com a pesca.
Acreditando que a comoção pudesse modificar a decisão judicial de despejo, os moradores se reuniram em frente ao Fórum de Joinville. Cartazes eram segurados por adultos e crianças. Até materiais utilizados na pesca foram levados até o Fórum para mostrarem que são pessoas trabalhadoras e que sobrevivem da pesca.
— Queremos falar com alguém que manda um pouco aí pra ver se toca o coração. Estão tirando tudo lá, já tiraram uma montoeira das outras casas e tiraram as outras coisas. Nós estamos aqui até com a bateira e as tarrafas pra mostrar que somos pecadores — disse o pescador Vilmar de Arrazão.
Porém, a decisão depende apenas da Justiça. A advogada da Cynthia Maria Pinto da Luz, que integra o Centro de Direitos Humanos, disse que vai entrar com recurso para tentar reverter a ação de despejo.
— É injusto favorecer apenas a imobiliária. Ela permitiu o parcelamento do solo em área inapropriada e agora retirou os moradores que estavam ali há mais de 20 anos.
A ação de despejo faz parte de uma disputa que envolve pescadores, a União e a proprietária dos terrenos que ficam de frente para a baía da Babitonga, praticamente dentro do Parque Municipal Porta do Mar.
A proprietária da terra, Lívia Freitag, disse na quarta-feira que tentou vários acordos na Justiça com os moradores e que apenas as quatro famílias despejadas não cumpriram. Segundo ela, a área foi cedida há mais de 20 anos para uma terceira pessoa plantar, mas os terrenos acabaram sendo vendidos e invadidos sem a permissão da proprietária.
— Os 30 terrenos foram vendidos de má fé, sem escritura. E a pessoa sumiu. Tentei um acordo na Justiça mais de dez vezes com essas famílias. As outras 26 honraram o acordo, somente essas quatro não cumpriram a palavra - disse a proprietária da área.
(Do A NOTÍCIA - www.clicrbs.com.br)
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