Baleias em extinção morrem em seu berçário
Os incidentes preocupam os ativistas que organizam um protesto por meio das redes sociais.
Nas últimas semanas, baleias de várias espécies têm sofrido ao longo do litoral sul e, em alguns outros pontos do Brasil, antes mesmo do início da chamada temporada das baleias. Os casos mais recentes ocorreram há duas semanas - quando, em um mesmo dia, quatro baleias apareceram mortas.
Em Tramandaí (RS), uma baleia franca, assim como na praia do Rosa, em Imbituba, um filhote fêmea da mesma espécie. Em Jaguaruna, uma baleia da espécie jubarte, e no estado da Bahia, possivelmente, um filhote dessa mesma classe. Já foram contabilizadas 17 ocorrências com baleias no litoral sul. Destas, 14 entre adultas e jovens perderam suas vidas.
Nas redes sociais, a indignação é manifestada e um grupo intitulado ‘SOS Baleias Urgente’ prepara um protesto chamado ‘Panela de Pressão’. A intenção é unir forças e cobrar explicações sobre os incidentes que têm ocorrido neste início de temporada. Algumas ocorrências podem ser causadas por redes de pesca afixadas próximas a costões e em mar aberto e, em outros casos, por choque com navios ou embarcações de pesca industrial.
Conforme Zeno Castilho, um dos responsáveis pela organização do protesto, a ideia é acionar os órgãos responsáveis e entidades ambientais para uma fiscalização mais presente e que os legisladores fiquem mais atentos a situações que têm envolvido os encalhes e mortes de baleias no Brasil. “Vamos exigir que o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Cláudio C. Maretti, apresente e execute um plano de ação emergencial para a proteção das baleias na APA da Baleia Franca”, destaca.
Encontro reforça orientações de procedimentos
Novas perspectivas e orientações para situações de encalhe e emalhe de mamíferos marinhos foram abordadas em um encontro ontem, em Laguna, por profissionais do Projeto Baleia Franca, R3 Animal, Udesc e Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA). Participaram também representantes da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros e Marinha. Desde 2010, a APA possui um protocolo oficial para procedimentos em casos de mamíferos marinhos encalhados e, ao longo do tempo, ele precisa ser atualizado. Devido às novas situações de emalhamento em redes de pesca, o documento passará a oferecer orientações também para estes casos. De acordo com a veterinária e pesquisadora da R3 Animal, Cristina Koleinikoviski, os procedimentos para resgate de baleias francas, por exemplo, encalhadas e emalhadas são diferentes. “A baleia encalhada está parada, não consegue sair dali, então oferece mais chances de aproximação. Já a emalhada, geralmente está agitada e movimentando-se, o que oferece riscos para quem se aproxima, demanda mais cuidados”, explica. Uma operação de resgate destes mamíferos requer cuidados e pode ser muito arriscada. Segundo a bióloga do Projeto Baleia Franca, Karina Kroch, quando tem planejamento e uma equipe capacitada, a chance de sucesso é grande e os riscos de acidentes diminuem.
As ocorrências
Em Santa Catarina, foram registradas este ano as mortes de dois filhotes de franca, cinco filhotes de jubarte, um adulto jubarte e um filhote de minke. Enredadas e soltas, foram dois filhotes de jubarte e um não identificado que nadava com a rede presa ao corpo. No Rio Grande do Sul, nesta temporada, foram encontrados sem vida um filhote de franca, três filhotes de jubarte e um adulto jubarte. De 2002 a 2014, foram 27 encalhes, o equivalente a 1,9% ao ano. Destes, 63% são filhotes e os outros 37% adultos ou juvenis.
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