quarta-feira, 29 de julho de 2015

MAR DE POETA



NAUTILUS

Um novo começo. Câmera inverno na
lâmina da manhã, esfinges nos costões, o Sol,
credencial do céu. O permanente
monólogo do vento. Dia e noite sendo
abstrações. Tempo,
redoma de vidro, triunfante.
A vegetação
das dunas a tudo resistiu.
Riso de poente na areia creme,
duas borboletas agradecem.
Planos simultâneos: matiz
de verde e azul em alta
definição. Rajada de pensar
das plantas, rente esperanto,
e um céu mudo de nuvens.
O azul, digital, conversa
com o eloquente vento sul.
Mas o branco, de forma alguma, se alumbra
de alguma forma,
Nossa Senhora das Dunas. Você
não olha indiferente a tudo isso.
Ao contrário, você desaparece
dando lugar ao labirinto desejo, flores foscas,
ou barco distante.
A varanda é um convés
Onde móbiles de bambu ressonam.
Alguém se esqueceu de desligar
a máquina do mar.

Rodrigo Garcia Lopes ("Estúdio Realidade", 7Letras, 2013)

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