sexta-feira, 10 de abril de 2015

DE GAROUPAS, TUBARÕES E OUTROS PREDADORES

Foto IRD

A sobrepesca tem reduzido significativamente as populações de grandes espécies de peixes marinhos, podendo-se afirmar que as reservas dos predadores de topo de cadeia decaíram dois terços em um século. O fato foi constatado por uma equipe internacional do 'Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e seus colaboradores canadenses, italianos e espanhóis, utilizando modelagem ecológica, que analisaram mais de 200 modelos de ecossistemas nos oceanos de todo o planeta nos anos de 1880 a 2007, a fim de avaliar a evolução da biomassa de peixes no mundo. Esses modelos foram produzidos utilizando dados sobre hábitat, ecologia e alimentação das mais de 30.000 espécies de peixes. Os cientistas extraíram mais de 68.000 estimativas da biomassa de peixes em diferentes pontos do globo no período de estudo.

Os resultados foram apresentados no artigo 'Fish biomass in the world ocean: a century of decline' que dá destaque ao colapso de algumas espécies de valor comercial, como o atum, garoupa, tubarões e tantos outros predadores de topo. 
A extinção dos grandes peixes provocaria uma reação em cadeia em escala global, afetando os outros níveis tróficos e o equilíbrio do ecossistema. O estudo revela que em cem anos dois terços das espécies de grandes peixes foram reduzidas, e que a velocidade em que o declínio vem ocorrendo nos últimos anos é cada vez maior. 
Uma importante revelação é que mais da metade dessa perda de biomassa, cerca de 54%, ocorreu nos últimos quarenta anos, ou seja, o início da pesca industrial na década de 1970 foi fator propulsor da queda da biomassa de grandes peixes marinhos. 
Através das análises dos modelos foi possível refazer a evolução dos recursos pesqueiros no espaço e no tempo, revelando o colapso de predadores de topo de cadeia no século passado. Os pesquisadores referenciam a sobrepesca como fator desencadeante da queda da biomassa de grandes peixes, já que o mercado consumidor incentiva a pesca destas espécies para o abastecimento do mercado global. 
A perda dos predadores de topo têm um efeito cascata em toda a cadeia alimentar, provocando o desequilíbrio das populações de suas presas, que acabam se proliferando e alterando a estrutura trófica. 
O estudo também demonstrou as mudanças dos ecossistemas marinhos em uma escala global ao longo do século XX e a predominância atualmente dos espaços aquáticos por pequenas espécies de peixes.

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(Do http://www.observasc.net.br/)

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