sexta-feira, 8 de agosto de 2014

MISSÃO BICOSE

Foto Divulgação
Surgidas na junção de placas oceânicas, as fumarolas negras de até 20 metros de altura são visitadas pelo submarino Victor 6.000
NO MAR PROFUNDO

São 3,5 mil metros de profundidade, sem luz nem oxigênio e com minivulcões que expelem substâncias pesadas. Além de tudo, embaixo d’água. Difícil um ambiente mais inóspito. No entanto, o mar profundo é o lar de algumas espécies marinhas e palco da pesquisa da expedição francesa Bicose, que ancorou em fevereiro entre as Ilhas Canárias e Guadalupe, no Oceano Atlântico.

A parte dos oceanos abaixo dos mil metros de profundidade representa 79% do volume da biosfera marinha, mas ainda é um dos ambientes menos conhecidos. “Por causa da pressão, poucos países investem em equipamentos que resistam a mais de mil metros de profundidade”, diz Marie-Anne Cambon-Bonavita, chefe da missão. “Conhecemos melhor a superfície da lua do que o oceano profundo”.

Formada por 30 pesquisadores, a missão Bicose estuda a diversidade geológica e biológica. O robô Victor 6.000 mergulha a até 3,5 mil metros entre 25 e 45 horas em cada descida. Os cientistas o controlam remotamente e, com braços mecânicos, coletam pedaços de rochas, animais e líquidos, além de produzir fotografias.

Outro objetivo é pesquisar recursos minerais em águas profundas. A crosta oceânica é rica em materiais como cobre, zinco, cádmio, chumbo e até ouro e prata em concentração até dez vezes maior do que na superfície terrestre.

Mas a missão gira mesmo em torno das fumarolas negras, fontes hidrotermais surgidas na junção de grandes placas oceânicas. A água expelida foi superaquecida pelo calor irradiado do centro da Terra e sua temperatura chega a 400º C. Também é rica em minerais e sulfetos, que chegam a formar enormes colunas negras de mais de 20 metros de altura ao entrar em contato com a água gelada.

A fauna local é composta por caranguejos, mexilhões e camarões, adaptados ao ambiente rico em metano, sulfeto de hidrogênio e monóxido de carbono. Como a luz solar não consegue chegar à tamanha profundidade, não ocorre fotossíntese e, por isso, não existem plantas.

(Fonte: http://revistagalileu.globo.com/)

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