sábado, 24 de maio de 2014

TAINHAS ENLATADAS


Contêineres funcionam como "ranchos portáteis" para pescadores de tainha em Governador Celso Ramos
Estruturas substituem antigos barracões de alvenaria, proibidos pela legislação ambiental

Foto Jessé Giotti / Agencia RBS
Espaços móveis ficam à disposição dos pescadores 15 de julho, quando termina pesca da tainha

por Gabriel Rosa


Algumas semanas antes da anual passagem das tainhas por Governador Celso Ramos, no litoral da Grande Florianópolis, pescadores artesanais da cidade costumam se juntar, coletar materiais de construção e improvisar "ranchos" de madeira na praia. Os barracões duram até o fim da temporada, quando são desmontados pelos próprios pescadores.

Neste ano, o município atendeu a um antigo pedido de quem vive do ofício e evitou o tradicional monta-e-desmonta: três contêineres foram alugados e deixados à disposição dos pescadores, até julho, na Praia Grande e em Palmas.

O trabalho na pesca é bastante imprevisível, dependendo de fatores que vão das mudanças climáticas aos prejuízos causados pela atividade industrial. O peixe aparece a qualquer momento e, por isso, um espaço de vigília é indispensável para quem fica atento diariamente entre 6h e 18h. 

— Temos que ficar de prontidão na praia para não perdermos as melhores chances. Há um olheiro observando o mar, mas sem um espaço próprio, tínhamos que sair correndo atrás dos equipamentos quando recebíamos algum sinal — conta Márcio José Medeiros, pescador de tainhas durante a temporada e de outros peixes no resto do ano.

Como as construções em alvenaria na praia ou em áreas de restinga são proibidas pela legislação ambiental, a saída era levantar as casinhas de madeira – só para botá-las ao chão dois meses depois.

A intenção do projeto Rede ao Mar, da secretaria de Aquicultura, Pesca e Agricultura, é impedir que empecilhos como a falta de estrutura tornem a atividade inviável. Segundo o secretário Gil Marcos dos Santos, os espaços permanecem nas praias até o dia 15 de julho.

— É uma proposta muito barata para a prefeitura, mas que encerrou um transtorno antigo para os pescadores. Quem trabalha com a pesca artesanal não precisa de obras grandiosas e sim de iniciativas precisas.?heiros móveis junto às estruturas, mas o custo elevado (o aluguel das toaletes sairia mais caro que o dos próprios contêineres) acabou deixando a ideia em suspenso até, pelo menos, a semana que vem.

Mesmo assim, os usuários destes espaços estão bastante empolgados. Para transformar uma estrutura vazia e metálica em um belo rancho portátil, os pescadores precisam apenas esticar lonas para montar a cobertura e levar fogões, louças, televisão ou qualquer item que queiram.

— Os contêineres são praticamente casas, com luz elétrica dentro, pia para lavar louça e tudo. Pedimos ajuda para a prefeitura todos os anos e já nem achávamos que ia dar certo. Quando começávamos a nos juntar para montar os barracões novamente, ficamos sabendo da novidade — comemora o pescador Medeiros.

(Do DIÁRIO CATARINENSE - www.clicrbs.com.br)

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