Formulário sobre produção é novidade para pescadores, que iniciam vigília aos cardumes de tainhas
Queda de temperatura é gatilho para deslocamento dos peixes na época da desova e pescaria no litoral de Santa Catarina, entre 15 de maio e 30 de julho
Edson Rosa
FLORIANÓPOLIS
Foto Daniel Queiroz/ND
Pescadores se preparam para mais uma safra de tainha em Florianópolis
A temporada oficial começa em duas semanas, mas pescadores artesanais da Ilha e das praias vizinhas já estão de olho no mar, em vigília para monitorar a passagem dos primeiros cardumes de tainhas. Para esta safra, além dos apetrechos de sempre, eles terão em mãos algo incomum, um formulário em papel onde a cada cerco terão de anotar a quantidade de peixes capturado, o local aproximado da pescaria e para quem foi vendido o peixe.
“É uma das exigências do Plano Safra, do governo federal, para acompanhamento científico da situação dos estoques da espécie”, diz o presidente da Federação dos Pescadores de Santa Catarina, Ivo Silva. O preenchimento do formulário, segundo Silva, será explicado didaticamente em todas as colônias, a partir do próximo dia 10. Nesta data serão definidos, também, os critérios para distribuição de boias e áreas a serem delimitadas para evitar conflitos entre os próprios pescadores e entre eles e surfistas.
A primeira onda de vento sul, na segunda quinzena de abril, estimulou a saída dos cardumes criados na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, ou na Bacia do Prata, no Uruguai. E a expectativa é que as próximas frentes frias tragam mais tainhas ao litoral catarinense, de preferência com ova. Baseada nas recentes ondas de vento sul, a expectativa da federação para esta safra é de, pelo menos, 1.800 toneladas – em 2013 foram 1.200 toneladas.
“O pessoal que foi para o mar pescar corvinas já viu passar algum peixe lá fora”, diz Laurentino Benedito Neves, 51 anos, que mantém três parelhas com redes de 450, 800 e mil metros embarcadas nas canoas Saragaço 1, 2 e 3, na praia à esquerda do canal da Barra da Lagoa. Lá, a os dois meses e meio de safra garante emprego temporário para 40 pescadores da comunidade.
“É uma tentativa de preservar a cultura da pesca com canoas de um pau só, a remo, e redes de arrastão”, diz o patrão. Neves lamenta a falta de incentivo às parelhas de praia, prejudicada pela prática clandestina e falta de fiscalização mais efetiva ao setor industrial, principalmente à frota atuneira.
“Eles [atuneiros] invadem nossos limites, em busca de sardinhas e manjuvas para isca viva, e espantam os cardumes de tainhas encostados”, reclama. Na Barra da Lagoa se concentra o maior número de pescadores embarcados em botes para redes caça de malha de Florianópolis, alguns, equipados com sonar ou radar para localização a distância dos cardumes, guincho e rede anilhada – tipo semelhante, às utilizadas nas traineiras industriais, com argola, embora menor.
QUEM PODE PESCAR
Licenciamento 2014
Período da safra:
15 de maio a 30 de julho
INDUSTRIAL
Frota:
60 traineiras, com capacidade de carga acima de 21 toneladas
Limites:
Fora de cinco milhas (9.250 metros) da costa, no litoral de Santa Catarina
Fora de 10 milhas (18.500 metros), no litoral do Rio Grande do Sul
ARTESANAL
Frota motorizada:
94 botes, com redes de caça de malha, até 10 toneladas de carga
Limites:
Fora dos 800 metros da costa
Pesca tradicional:
160 canoas a remo, com redes de arrastão de praia
Limites:
50 metros dos costões e a 800 metros da orla
Fonte: Instrução Normativa 171/2008 (Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente)
(Do ND - www.ndonline.com.br)
Publicado em 01/05/14-10:00
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