Situação dos trapiches nas baías Sul e Norte mostram que Florianópolis está de costas para o mar
Após prefeitura demolir equipamento no Balneário do Estreito por falta de licença ambiental, reportagem verificou outras estruturas
Maurício Frighetto @frigas FLORIANÓPOLIS Foto Daniel Queiroz/ND |
Trapiche da Beira-Mar Norte, reformado em 2011, está com estrutura danificada
Danificados, quebrados ou abandonados. É essa a situação da maioria dos trapiches que estão nas baías Norte e Sul de Florianópolis, a cidade que, como se diz, virou de costas para o mar. O abandono representa riscos para quem frequenta os trapiches. Após a demolição de um trapiche no Balneário do Estreito, no Continente, na semana passada, o Notícias do Dia foi verificar como estão e como são vistas essas passarelas pelos frequentadores.
No trapiche da avenida Beira-mar Norte, famílias passeiam, pessoas pescam com tarrafas e um barco está atracado. Mas a situação do principal e mais frequentado trapiche da Capital não é tão boa. “Não é bom para pescar porque o parapeito é muito alto. E também poderia ter bancos para as pessoas sentarem e curtirem o visual, além de ser mais comprido”, definiu o vigilante Valdenir Gama Bento, 40 anos.
Onde ele pesca, no entanto, um dos ferros do parapeito foi arrancado. Os pescadores dizem que a barra foi roubada. Outros pontos do concreto estão despedaçando. Na ponta, em um dos cantos, o parapeito está quase caindo.
Mas há quem elogia o local. “É a primeira vez que estamos aqui. É bom ficar mais perto do mar”, diz a vendedora Manoela Schnitzer, 22, que estava passeando com o marido e a filha pelo trapiche que foi reformado em 2011, ao custo de R$ 1 milhão.
Na semana passada, a prefeitura demoliu um trapiche no Balneário do Estreito. Em carta ao Notícias do Dia, o empresário Luiz Aurélio de Oliveira chamou a cena de “lamentável”. Em resposta, a Secretaria do Continente informou que o equipamento estava sem licença ambiental. O empresário afirmou que a estrutura era usada pela comunidade, que, inclusive, ajudou financeiramente na reforma.
Daniel Queiroz/ND
Estrutura da praia da Saudade está em estado precário
Mais problemas no Continente
Do outro lado, na baía Sul, a situação é ainda mais crítica. A maioria nem sabe que existe um trapiche atrás do CentroSul. E talvez isso até seja bom. A entrada está fechada e faltam madeiras no piso. Gaivotas e outros pássaros são os únicos que aproveitam a plataforma. O equipamento é o resquício da tentativa de começar o transporte marítimo, na década de 1990, uma das lendas da região.
No Continente, mais problemas. Em Coqueiros, na praia da Saudade, outro esqueleto. De concreto, o trapiche não já tem parapeito em vários lugares. A estrutura da base também está precária. A cobertura tem apenas algumas telhas. “Venho aqui desde pequeno. Era tudo arrumadinho. Como a praia ficou poluída as pessoas foram deixando de lado, mas no verão tem movimento aqui”, diz o estudante Marcos Americano, 18 anos.
No Abraão, o trapiche é usado por pescadores. Portanto, talvez o mais útil do Continente. Não conta com parapeitos e fica cheio de redes e equipamentos dos pescadores. “É uma vista incrível, as pessoas vem aqui para contemplar o visual”, diz o pescador Carlos Domingos, 60.
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