quinta-feira, 16 de maio de 2013

QUEM FISCALIZA (???) A TAINHA!

Polícia Ambiental terá tecnologia em terra e no mar para fiscalizar pesca da tainha em SC
Frota industrial será monitorada por programa de rastreamento por satélite e três embarcações cobrirão mais de 500 quilômetros de litoral

por Edson Rosa

Três guarnições com 18 homens da Polícia Militar Ambiental serão responsáveis pela fiscalização de 561 quilômetros do litoral catarinense durante a safra da tainha, desta quarta-feira a 31 de julho. A bordo de lanchas oceânicas cedidas pelo Ministério da Pesca e equipadas com Preps (Programa de Rastreamento de embarcações pesqueiras por Satélite), eles terão a missão de patrulhar de Passo de Torres, no Sul, a Itapoá, ao Norte. Em Florianópolis e região, a fiscalização será reforçada por quatro agentes da Delegacia de Polícia Federal Marítima, em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

A área central, entre Garopaba e Itajaí, será fiscalizada pela guarnição, de quatro homens, da 1ª Companhia da Polícia Ambiental, com sede em Florianópolis. O litoral norte, de Navegantes a Itapoá, ficará sob a responsabilidade da 2ª Companhia, também com quatro policiais, com sede em Joinville. O litoral sul, área de maior abrangência e com maior concentração de embarcações, será coberto pela 3ª Companhia, com sede em Laguna, que terá duas guarnições e oito homens para fiscalizar de Imbituba a Passos de Torres.

O número reduzido de policiais é compensado por tecnologia. O comandante da 3ª Companhia da Polícia Ambiental, major Jefer Fernandes, explica que o programa de rastreamento de satélite lhe permite monitorar a frota pesqueira da sala do comando, mesmo programa instalado nas embarcações de fiscalização no mar. “Em caso de suspeita de pesca ilegal, a traineira é abordada e a tripulação obrigada a nos fornecer o relatório de bordo”, explica o oficial.

Neste relatório, cada uma das 60 traineiras licenciadas para o setor industrial da tainha deve detalhar as atividades, como quantidade e procedência do peixe transportado, de acordo com as coordenadas geográficas rastreadas por satélite. Em Santa Catarina, a frota só pode pescar fora das cinco milhas (9.260 metros) da costa, metade da distância regulamentar no litoral gaúcho.

A pesca artesanal, segundo o major Jefer, é mais difícil de ser fiscalizada pelas condições geográficas da costa catarinense e quantidade de pescadores. Mas também considera de menor impacto ambiental. “E representa uma tradição cultural importante nas comunidades pesqueiras do Estado. Infelizmente, a tainha só aparece por aqui na época da desova, o que de certa forma torna a pesca uma atividade antiecológica”, reconhece.

Faltam bóias para delimitarcar área artesanal

Na Grande Florianópolis, a pesca artesanal da tainha começa sem delimitação da área reservada exclusivamente às tradicionais redes de arrasto e canoas a remo – a 300 metros de costões e 800 metros da praia. Faltaram bóias para a demarcação.

A Federação Catarinense dos Pescadores, segundo o presidente Ivo Silva, encaminhou há um mês o pedido de 400 bóias ao Ministério da Pesca e Aquicultura  e ao governo do Estado. A preocupação é evitar conflitos com tripulantes de botes que utilizam redes caça de malha e com surfistas. “Mas a safra começou, e não tivemos resposta”, disse ontem.

 O gerente de Pesca da Secretaria de Estado da Agricultura, João Sebastião Marcatti, argumenta que o pedido chegou em cima da hora, há 15 dias, o que inviabiliza a compra do material. “É preciso abrir processo de licitação, o que levaria pelo menos dois ou três meses”, responde. A demarcação das praias para pesca tradicional da tainha, portanto, ficou para o ano que vem, com a inclusão do lote solicitado pelos pescadores na concorrência pública para compra de 5.000 bóias que serão usadas na delimitação de áreas de maricultura.

Na Barra da Lagoa e no Pântano do Sul, bandeiras de plástico fixadas sobre placas de isopor serão improvisadas para substituir as bóias. Para evitar conflitos, o Ministério Público Estadual intermediou reunião entre as federações catarinenses dos pescadores e dos surfistas. O acordo fechado entre as partes prevê que nas praias do Pântano do Sul, Armação, Campeche, Mole, Joaquina e Santinho, os surfistas serão avisados pelos vigias dos pescadores se há cardumes encostados. “Se tiver tainha, eles não poderão pegar ondas”, explica Marcatti.

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