sábado, 11 de maio de 2013

MAR DE SARDINHAS

Foto Marcos Porto / Agencia RBS
Sindicato de Itajaí vai a Brasília buscar apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura
Armadores reclamam da entrada do pescado importado no mercado brasileiro

por Dagmara Spautz

dagmara.spautz@osoldiario.com.br
Representantes do Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca (Sindipi) se reúnem na próxima semana com o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, em Brasília, para discutir as dificuldades enfrentadas pelo setor com a entrada de pescado importado no país. Um dos principais assuntos será a sardinha, que está em plena safra. Sem demanda de compra, armadores têm deixado barcos parados em Itajaí e Navegantes, principal polo pesqueiro de sardinha no país.

— Queremos que sejam revistas as cotas de importação, uma vez que há abundância de recurso nacional — diz Giovani Monteiro, presidente do Sindipi. 

Dois modelos de importação afetam o setor. O mais grave, na avaliação de Monteiro, é a chegada de sardinha já enlatada vinda de países como Tailândia, Equador e Peru, que afeta tanto indústrias beneficiadoras quanto a captura.

Já a redução de cotas de sardinha congelada vinda de outros países — medida tomada pelo governo para garantir a sobrevivência das indústrias em épocas de defeso e de pouca captura — afeta armadores e pescadores. Com os estoques cheios, as enlatadoras já deixaram de comprar pescado nacional por duas vezes desde o início da safra, em fevereiro.

Ofício

A redução no volume de pesca, decorrente do excesso de estoque, fez com que os armadores encaminhassem um ofício às indústrias enlatadoras pedindo que expliquem, formalmente, por que reduziram as compras. A intenção é evitar associação entre a redução no esforço de pesca a uma possível diminuição nas populações de sardinha — o que poderia afetar as autorizações ambientais para captura.
Desde o início da safra, 16 mil toneladas de sardinha já foram capturadas no país este ano.

Entidades e especialistas sugerem soluções

"O que o Brasil deveria fazer é colocar limites. A importação deveria estar associada à entressafra. Hoje, está ocorrendo em meio à safra de sardinhas. Não há indicadores de que isso fosse necessário, ainda mais considerando os números que tivemos no ano passado."

Paulo Ricardo Schwingel, oceanógrafo, doutor em Ciências Naturais e pesquisador do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP)
"O imposto de importação da matéria-prima está reduzido a 2% no prazo de um ano, com restrição de até 50 mil toneladas. Essa redução só era dada em período em que não havia captura. Desta vez, está ocorrendo em plena safra."
Wilson Santos, consultor na área da pesca para empresas

"A indústria tem que cumprir o acordo que fez com os armadores em 2004. Estamos tentando buscar alternativas junto às empresas e vamos procurar o Ministério da Pesca."
Jorge Seiff, armador especializado em sardinhas

"Temos que, primeiro, conversar com as indústrias porque entendemos que não podemos deixá-los sem peixe em época de defeso. Depois, temos um acordo que vence em setembro, e estabelece cotas de importação. Precisamos rever as cotas e tributos para que se priorize o produto nacional."
Giovani Monteiro, presidente do Sindipi

"O governo deveria ouvir o setor pesqueiro. Hoje só têm sido ouvidos os tecnocratas, e isso é que tem causado o prejuízo."
Manoel Xavier de Maria, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Pesca (Sitrapesca)

(Do  O Sol Diário - http://osoldiario.clicrbs.com.br)

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