sábado, 4 de maio de 2013

LÁ NO FUNDO...

Foto Divulgação
Pesquisador da Univali mergulha a 1,2 mil metros de profundidade
José Angel Alvarez Perez usou submersível tripulado para explorar a região do Jardim dos Corais

Em alto mar desde o dia 13 de abril, chegou a vez do professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), José Angel Alvarez Perez fazer o primeiro mergulho pela expedição Iata-Piuna. O feito ocorreu às 8 horas (horário brasileiro) de terça-feira.

A  bordo do submersível Shinkai 6.500, Perez participou da primeira exploração da Elevação do Rio Grande, uma montanha no fundo do Atlântico Sul, na altura do Estado do Rio de Janeiro, com profundidade entre 1 mil e 4 mil metros. O professor de Itajaí explorou o chamado Jardim dos Corais devido à expectativa que havia de se encontrar concentrações de corais de águas profundas nessa área.

Duas horas depois da partida, o submersível tocou o fundo do cânion, a 1,2 mil metros de profundidade e numa temperatura ambiente de 3,2ºC.

Durante o mergulho foram coletados amostras de água e sedimentos. Cumprida a primeira missão, o Shinkai realizou a subida pela encosta do cânion onde paredes rochosas, quase verticais, recobertas por corais reluzentes, se elevam formando grandes precipícios. O espaço, habitat de muitas outras espécies, forma um verdadeiro jardim sustentado pela corrente que traz alimento para todas as formas de vida.

— A riqueza de vida desse ambiente é, realmente, inacreditável. Nossa expectativa é que o estudo do que pudemos observar e a análise das amostras possam revelar mais sobre a diversidade e sobre como a vida é possível no topo dessa grande montanha submersa do Atlântico Sul — relata José Angel.

O professor e pesquisador da Univali, André Oliveira de Souza Lima também participa da expedição, mas ainda não mergulhou. A Iata-Piuna também tem um diário de bordo na internet onde pode ser conferido todo o trabalho feito em alto mar pelos pesquisadores.

No endereço são postadas atualizações diárias do grupo que realiza a primeira exploração da margem continental brasileira e oceano adjacente utilizando um submersível tripulado. Além disso, na página, também está disponível, no link coordenadas, um sistema que permite o monitoramento do deslocamento do navio japonês Yokosuka, responsável pelo transporte do grupo.

A expedição

A expedição continua até dia 27. Durante o trabalho o grupo da Univali realiza estudos biológicos e geológicos de mar profundo na Bacia de Santos, Elevação do Rio Grande e Dorsal de São Paulo. A iniciativa é a primeira exploração da margem continental brasileira utilizando um submersível tripulado, o Shinkai 6.500.

Atualmente, este é um dos poucos equipamentos, no mundo, capaz de levar até três tripulantes 6 mil metros abaixo da superfície do oceano, produzir imagens em alta resolução das áreas pesquisadas, além de coletar, por meio de braços robotizados, organismos de diferentes tamanhos e amostras de água e solo marinho.

Os resultados obtidos vão alimentar o conjunto de informações já publicadas pelo grupo da Univali na área do projeto Mar-Eco Atlântico Sul, que têm atividades apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O projeto fortalece, ainda, o grupo de pesquisa estabelecido como produto do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre os governos japonês e brasileiro em 1985 e ocorre por meio de Acordo de Implementação entre o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) e a Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology (Jamstec), coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores e sob a interveniência do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

(Do O SOL DIÁRIO - www.clicrbs.com.br)

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