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Marinha quer proteger farol da Reserva do Arvoredo
Projeto que transforma área restrita em parque nacional gera polêmica
por Edson Rosa
A Marinha ainda não tem posição oficial sobre a proposta de recategorização da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, ao Norte de Florianópolis. No entanto, já avisa que não permitirá o acesso à ilha onde, desde 1983, mantém o farol para orientação à navegação no canal, segundo antecipou o comandante da Capitania dos Portos de Santa Catarina em Florianópolis, Cláudio da Costa Lisboa.
Atividades náuticas restritas ou liberadas, de acordo com o comandante, independem da Marinha, responsável apenas pela porção territorial do arquipélago de Arvoredo.
“O mar é para ser navegado, desde que obedecidas às normas básicas de segurança e cabotagem. Mas a ilha continua sendo área militar, com acesso exclusivo a militares ou pesquisadores devidamente autorizados pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes da Biodiversidade). Com área de 270 hectares, a ilha do Arvoredo é praticamente inóspita, com exceção da ponta leste, ocupada pelas instalações militares.
“Trata-se de um tombo da Marinha, que terá de ser ouvida durante o processo de discussão legislativa sobre a recategorização da reserva para parque”, explica o comandante Lisboa. Ele lembra que o nome da ilha é referência à densa cobertura de mata atlântica de grande porte, vegetação que serve de proteção a embarcações em dias de tempestade e que abriga grande número de animais peçonhentos, principalmente serpentes como jararacas e corais.
Estudos arqueológicos concluem que na pré-história Arvoredo abrigou grupo de construtores de sambaquis, pré-cerâmico, com economia baseada na pesca, caça e coleta; e outro grupo, cerâmico, tendo provavelmente uma agricultura incipiente. Atualmente, apenas a ponta leste é ocupada pela Marinha, que mantém três militares na ilha para manutenção do farol e casario militar – a substituição da guarnição é feita a cada 85 dias.
Referência para pescadores e navegação
Desde o século 19, a navegação pelo entorno Ilha de Santa Catarina é motivo de preocupação, exigindo a construção dos faróis de Anhatomirim, ao Norte, e de Naufragados, ao Sul. Como o sinal luminoso emitido da base de Anhatomirim não era avistado na parte mais larga do canal norte, em 1878 foi iniciada a construção de novo farol, na maior das quatro ilhotas do arquipélago do Arvoredo.
A torre foi pré-fabricada na Inglaterra e montada na costa leste da Ilha. A construção, que remonta ao Segundo Reinado, foi inaugurada no dia 14 de março de 1883. A finalidade dele ainda é a orientação a navegadores que passam ao largo, ao norte, da Ilha de Santa Catarina.
Atualmente emite uma luz branca, visualizada até 24 milhas náuticas de distância, ou seja, a cerca de 40 quilômetros. “Trata-se de equipamento fundamental para a segurança de pescadores e de médias e grandes embarcações”, explica o comandante Cláudio da Costa Lisboa, da Capitania dos Portos em Florianópolis.
Em 2007, parceria entre Marinha, UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Celesc e Eletrosul viabilizou sistema de fornecimento de energia elétrica ao farol a partir de painéis de células fotovoltaicas, com financiamento do Ministério das Minas e Energia.
“É uma forma de produzirmos e usarmos energia limpa”, disse o comandante. Para garantir energia em longos períodos sem sol, a Marinha mantém na ilha um gerador a diesel. “Hoje, a alternativa só é usada em casos extremos.”
(Do Notícias do Dia - www.ndonline.com.br)
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