Foto Pablo Corti |
Um trabalho de educação patrimonial marcou a retomada, neste ano, dos trabalhos do Projeto Barra Sul no litoral próximo à Praia da Pinheira e do Sonho, no sul da Ilha de Santa Catarina, local em que foram localizados destroços do que está sendo considerado o naufrágio mais antigo localizado até agora no país.
“Distribuímos folhetos, conversamos com a comunidade e realizamos entrevistas com os moradores da Ponta do Papagaio e Praia do Sonho, para diagnosticar o nível de conhecimento da população em relação ao patrimônio subaquático catarinense”, afirma a arqueóloga Deisi Scunderlick Eloy de Farias, professora da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e responsável pela equipe de arqueólogos do projeto.
O naufrágio, localizado pelo Projeto Barra Sul, começou a ser pesquisado em 2005, quando foi realizado um diagnóstico arqueológico e mapeamento dos vestígios dispersos pela área. Desde então, várias atividades estão sendo realizadas, como a elaboração de croquis, levantamento topográfico, distribuição espacial dos artefatos localizados e registro de imagens. No ano passado, quatro peças já foram retiradas do mar: dois ornamentos circulares; uma pedra de marco triangular com a provável data de 1582 e o nome do rei da Espanha daquela época, Felipe II, esculpidos; e, ainda uma outra peça com desenhos em alto relevo de dois leões, dois castelos e o padrão português – as marcas do reino de Leon e Castilla, durante o período da União Ibérica, que durou de 1580 a 1640.
A retomada dos trabalhos obedece a um cronograma definido pelos ventos e pelas marés, pois também faz parte da pesquisa o reinício dos mergulhos, interrompidos ano passado devido à falta de condições. “Os mergulhos, que chegam a 12 metros de profundidade, precisam ser feitos com uma boa visibilidade e nem sempre isso acontece. Dependemos das condições do tempo. No canal de acesso à baia sul da Ilha de Santa Catarina, onde se localiza o sítio arqueológico subaquático, isso acontece entre os meses de dezembro e junho”, explica o mergulhador Gabriel Corrêa, coordenador do Projeto Barra Sul.
Assim, sempre que os ventos e as marés estão favoráveis, a equipe de mergulhadores e arqueólogos continua o trabalho de prospecção geofísica do sítio, utilizando equipamentos eletrônicos de varredura. “É um trabalho bastante minucioso e lento em virtude das dificuldades encontradas na região de estudo. Começamos isso ainda no passado, mas ainda há muito a ser feito no processo de documentação total do sítio arqueológico”, explica a arqueóloga Deisi.
O projeto tem apoio financeiro da Fapesc e autorização de pesquisa do IPHAN e Marinha do Brasil.
(Beth Karam)
(Beth Karam)
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