O mero foi descrito em 1822 pelo pesquisador naturalista alemão Martin Heinrich Carl Lichtenstein, que batizou o peixe com uma brilhante analogia: Epinephelus itajara. Literalmente, em tupi, Senhor das Pedras (ita = pedra, jará = dono/ senhor).
Solitário e dócil, o mero apresenta vasta distribuição geográfica: no Atlântico, está nos EUA, Caribe, até Santa Catarina no sul do Brasil; já na costa africana, do Senegal ao Congo. Conhecidos pelo seu grande porte, podem chegar a ter 2,5 m, 450 kg e 40 anos de idade. São peixes carnívoros que comem crustáceos, peixes e até mesmo jovens tartarugas marinhas desatentas.
Os meros formam grandes cardumes na época reprodutiva, condicionados pelo ciclo lunar. Estas características biológicas, ao mesmo tempo que os tornam vulneráveis à captura, também proporcionam um espetáculo ímpar quando se mergulha entre eles. Cair na água e encontrar meros nos dias de hoje é tirar a sorte grande. Mergulhar com exemplares adultos então, é acertar na loteria!
Historicamente, meros têm sido capturados como troféus. Mergulhadores de todo nosso litoral herdaram histórias de caçadores destemidos que pescaram peixes gigantes, o que demandou esforços descomunais. Episódios dignos do romance de Hemingway, se não fossem reais.
Falam de tempos da (suposta) infinidade de recursos. Tais tempos acabaram cedo. Ao longo das últimas décadas, a população de meros foi reduzida drasticamente pela pesca. Considerado como espécie criticamente ameaçada pela União para Conservação da Natureza (IUCN), o mero corre o risco de sumir de vez.
Uma das iniciativas de destaque é o projeto de fotoidentificação, da Rede Meros do Brasil, o qual visa obter informações dos meros com o uso de técnicas de marcação/ recaptura com a geração de um banco de imagens sobre o comportamento, padrões de deslocamento e coloração. Através de programas de computador específicos, é possível gerar uma identidade única para cada mero, analisando o seu padrão de pintas laterais. A ideia é sensibilizar a sociedade de que o mero é mais valioso vivo do que morto.
Talvez seja difícil descrever o fascínio, tranqüilidade e paz sentidos ao lado desses gigantes. Vê-los movimentando-se é fascinante! É quase uma dança: lenta, compassada, suave e repleta de beleza.
Enquanto estiver na companhia dos meros, ouça, observe, sinta, conheça. Aproxime-se calmamente. Tenha a mesma naturalidade e pacifismo que ele normalmente apresenta.
Se tiver o objetivo, a sorte ou a felicidade de algum dia encontrar com os meros, lembre-se: um mergulho com um mero jamais será um mero mergulho.
Apesar da raridade em ambientes naturais, os meros parecem incrivelmente atraídos por estruturas artificiais, como naufrágios, píeres e recifes artificiais. No Brasil, um dos poucos locais onde já existe turismo voltado à observação desses gigantes acontece no Paraná. O “Parque dos Meros” é um dos importantes pontos de mergulho e constitui-se hoje Projeto Meros do Brasil.
(Do Canal Vida - http://www.canalazultv.ig.com.br/)
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