PESCA DO ATUM:
SAI A SARDINHA ENTRA A ANCHOÍTA ?
O uso da anchoíta como isca viva no lugar da sardinha para pesca do atum, pela frota de vara (pesca do atum com varas e anzóis), fez parte de um experimento no âmbito do Projeto Anchoita que vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. O resultado foi bastante positivo com boa aceitação da nova isca pelos atuns.
A anchoita também se mostrou resistente à bordo da embarcação até o local da captura. A expectativa dos técnicos do MPA é que a anchoita, como isca viva, poderá se tornar uma alternativa ao uso de juvenis de sardinha verdadeira na pesca de atuns. A substituição das iscas vai evitar uma série de problemas encontrados hoje com o suo da sardinha que é pescada em áreas limítrofes a unidades de conservação, além de conflitos com atividades turísticas e a pesca artesanal, além da concorrência com a frota de pesca da sardinha adulta.
O MPA pretende dar continuidade aos experimentos com a anchoita como isca para pesca durante o verão, quando ocorre o pico da safra de atum listrado e bonito. Esses experimentos serão fundamentais para se saber com certeza se o uso da anchoita pode mesmo substituir o da sardinha jovem e com isso evitar todos os problemas da captura dessa isca viva.
A ANCHOÍTA
A anchoíta é um peixe de pequeno porte, pescado amplamente por países vizinhos do Mercosul e bastante consumida na Europa, onde já chegou a ter a pesca suspensa. É usado na produção de conservas de alto valor agregado, como o Aliche, e na produção de farinha de peixe – um produto do qual o Brasil é carente. Por tradição, informam os estudos realizados, a anchoíta é um peixe de hábitos costeiros e ocorre em águas brasileiras desde o Cabo Frio (RJ) até o Chuí (RS), entre profundidades de menos de 10 m até aproximadamente os 200 m.
A população de anchoíta faz parte de um estoque que se distribui entre o Brasil, o Uruguai e a Argentina. A ocorrência está associada a águas frias do ramo costeiro da Corrente das Malvinas. As condições oceanográficas favoráveis a um aporte significativo de águas frias, ocorrem principalmente entre os meses de maio a dezembro, o que determina a maior abundância desta espécie neste período em águas brasileiras.
Recentes pesquisas indicam que uma segunda população da mesma espécie vive entre o Cabo de Santa Marta/SC e o Cabo Frio/RJ. Dados preliminares sugerem que esta população encontra-se disponível na costa brasileira durante todo o ano. Segundo dados do Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva do Brasil (Revizee), a pesca anual da anchoíta pode chegar a 100 mil toneladas – o dobro da pescaria média atual da sardinha, que é o peixe mais capturado no Brasil.
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