Foto Fernando Alexandre
As tainhas voltaram para o mar alto e as lagoas. A vigia "Seo Domingos" foi desativada. Os olhares não se concentram mais no infinito, buscando a água encrespada e a mancha roxa-avermelhada da manta de peixes. As canoas-bordadas já deixaram a meia-praia: Osmarina, Terezinha, Mariposa, Espírito Santo e Zé Gancheiro voltaram para os seus ranchos. As redes foram guardadas. Não se ouve mais o ÚÚÚÚ!!!, grito que se multiplica de boca-em-boca e de ouvido-a-ouvido convocando todos para o cerco e o arrastão, ritual que se repete há centenas de anos nas praias. Os surfistas já podem deslizar nas ondas. Agora, outros peixes. É tempo de anchovas, tempo de corvinas, tempo de abroteas, tempo de sardinhas. A safra de tainhas acabou.
"Eu me despeço de todos
Adeus até para o ano
Se ainda quiserem me ver
Vão lá fora no oceano "
(Versos da "Brincadeira da Tainha", auto popular da cidade de Quatipuru, no Pará)
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