Escritas ao Mar
Para Yao Feng
Um barco remenda o mar
– diria o poeta chinês.
À mercê de seus caprichos,
o lusitano lavraria
sobre as ondas: viver
não é preciso; navegar, sim,
navegar é preciso,
descobrir um novo sentido
para estar morto
e para estar vivo.
Um barco costura
o vir-a-ser ao ter-havido.
Este barco é você
e sou eu, nós todos
urdidos em paixão e trama,
o presente que navega
e se deixa navegar
pelo mar – imenso mar
de tudo que não é.
Alcides Buss
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