A Armada Cabotina, com a bandeira de Castela, fundeada nas águas da pequena praia da Ilha do Sol, na baía de Santos, por onde Caboto também esteve. Ilustração de José Coriolano Carrião Garcia
Mergulhadores do Projeto Resgate Barra Sul localizaram em março de 2009 restos de um navio que pode ser de um dos mais antigos naufrágios que se tem registro: a nau Santa Maria de La Concepcion, de Sebastião Caboto, que foi a pique em 1526.
Agora, encontrar o sino ou os canhões de sinalização, que trazem o nome da embarcação marcado nas peças, é o objetivo imediato dos mergulhadores que descobriram vestígios de um navio do século 16 afundado próximo à Praia de Naufragados, no Sul da Ilha de Santa Catarina. Os objetos procurados poderão comprovar a suspeita de que a embarcação pertenceu realmente a Sebastião Caboto, um dos mais famosos navegadores europeus que passaram por Santa Catarina.
O saldo de cinco anos de pesquisa dos mergulhadores do Projeto Resgate Barra Sul ficou mais positivo recentemente. Em março, eles encontraram duas âncoras, um canhão e, o mais importante, um lastro de pedra. Este último é considerado forte indício de que ali, naquela área, está mesmo naufragado um navio.
De acordo com o supervisor de mergulho do grupo empenhado na descoberta do museu arqueológico subaquático, Ney Mund Filho, o amontoado de pedras denominado lastro é uma forma que os navegadores encontravam para garantir estabilidade às embarcações da época. A certeza de que os pertences achados são de um navio do século 16 é evidenciada, também, pela proporção das âncoras (detalhe), bem maiores do que o convencional. Enquanto um barco de 30 metros tinha uma âncora de quatro metros e uma tonelada, hoje, um com o mesmo tamanho possui uma âncora de meio metro, pesando 50 quilos.
– Suspeitamos que a embarcação seja a nau Santa Maria de La Concepcion, de Sebastião Caboto, quando passou por aqui, em 1526. Se for, não há tesouro, porque, segundo registros feitos pelos tripulantes à Marinha, o barco teria levado três dias para afundar – comenta Ney, descartando qualquer possibilidade de encontrar metais preciosos deixados pelos náufragos.
No caso, todos sobreviveram, mas o local é tão perigoso que passou a ser conhecido como cemitério de navios. Não é à toa que, cerca de 10 anos antes, na mesma área, teria afundado uma das caravelas da expedição de outro aventureiro dos livros de história, o navegador Juan Díaz de Solís. Além da forte correnteza no mar da região e dos bancos de areia que se formam, as ondas podem chegar a cinco metros no local.
Mergulhadores do Projeto Resgate Barra Sul mostram o canhão e outras peças já encontradas próximas a Praia de Naufragados, Sul da Ilha de Santa Catarina.
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