quarta-feira, 8 de março de 2017

A HISTÓRIA DENTRO D!ÁGUA - 2

Frutos de sambaquis. Imagens: Museu do Homem do Sambaqui (Colégio Catarinense).

 Sambaquianos e Guaranis

Sobre os sambaquis – “Ao longo da estreita e recortada faixa costeira do litoral centro-meridional brasileiro, nos ambientes estuarinos, ricos em peixes, moluscos e crustáceos, viveram populações pescadoras e coletoras entre 8 mil anos atrás e o início da era cristã. Seus vestígios podem ser vistos em grandes montes feitos de areia, terra e conchas – os chamados sambaquis – onde são encontrados restos alimentares, ferramentas, armas, adornos e os sepultamentos dos que ali viveram. Esses montes, com alturas variáveis, têm alta visibilidade e se destacam na paisagem litorânea.
Sambaqui de Cabeçuda (Laguna-SC). Restam vestígios.

Embora existam desde o Rio Grande do Sul até a Bahia, é no estado de Santa Catarina que os sambaquis são mais numerosos. Ali, há sambaquis que alcançam até 35 metros de altura, o que demonstra que deviam ocorrer condições extremamente favoráveis ao modo de vida dos seus construtores. Embora sua cultura material de uso cotidiano seja bastante simples, no litoral meridional esses grupos produziram objetos cerimoniais em pedra e osso muito elaborados, com refinamento estético e sofisticação artística: os chamados zoólitos“. Fonte: Museu Nacional/UFRJ. http://www.museunacional.ufrj.br/exposicoes/arqueologia/exposicao/sambaquis

Detalhe do sambaqui da Ponta segundo a arqueóloga Fabiana Comerlato e a geógrafa Fernanda Comerlato.

Existem dois sambaquis em Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa catalogados pelo Iphan: o da Ponta do Sambaqui, praticamente extinto devido à exploração para o fabrico de cal, e em Santo Antônio de Lisboa. O que existiu na Ponta do Luz, próximo à foz do rio Ratones, foi usado na construção da fortaleza de Santo Antônio e outros fins.


Os Guarani – Segundo o historiador Sérgio Luiz Ferreira, a região era habitada pelos índios Guarani (chamados Carió e/ou Carijó). Nas primeiras décadas de 1500 foram alvos dos bandeirantes paulistas em busca de escravos (por volta de 1550 já não existiam aldeias na Ilha). Outros pereceram de doenças. “E muitos outros se embrenharam pelo continente”, salienta Ferreira, indo para a atual Paraguai, Uruguai e Argentina”, diáspora que “durou até meados do século 20″.
Ossada no sambaqui da Cabeçuda. Foto/Arquivo: Celso Martins.

A partir dos anos de 1970, salienta a mesma fonte, “eles começaram a retornar ao litoral catarinense, se estabelecendo no Morro dos Cavalos, em Palhoça, em São Miguel (Biguaçu) e outras partes do litoral catarinense”. De acordo com a “perspectiva da mitologia Guarani eles retornaram para velar pela Terra Sem Mal, que fica no Oeste do continente americano e que muitos identificam como sendo a Ilha de Santa Catarina”.

A herança material Guarani está presente no cultivo da mandioca e elaboração da farinha e outros derivados, a “técnica para escavar canoas em troncos de árvore (sobretudo garapuvu), a homeopatia, chás de folhas e ervas, o imaginário e os topônimos, como os nomes de alguns lugares: Sambaqui, Jurerê, Cacupé, Caputera”, na entrada de Cacupé, “e tantos outros”. (FERREIRA, 2008, p.16-17)

(Publicado originalmente no www.http://daquinarede.com.br/)

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