quarta-feira, 6 de julho de 2016

MAR DE BALEIAS

Foto Bombeiros / Divulgação

Encalhe de baleias jubarte em SC acende alerta entre 
pesquisadores

Espécie é dificilmente avistada na costa no Estado

O número de encalhes e avistamentos de baleias da espécie jubarte entre Santa Catarina e Paraná tem chamado a atenção dos pesquisadores. Segundo dados do Projeto de Monitoramento de Praias, coordenado pela Univali, só este mês seis baleias da espécie encalharam na região _ todas jovens, com 1 a 2 anos de idade. 

O último episódio registrado ocorreu nesta quarta-feira, quando uma jubarte ficou presa em redes de pesca próximo a uma área de cultivo de mariscos, em Penha. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Itajaí tentaram durante várias horas libertar o animal, que estava nervoso e agitado.

A operação de resgate durou até o início da noite, sem sucesso. Na manhã desta quinta-feira os bombeiros não localizaram mais a baleia. Fizeram uma varredura na região da Praia da Saudade, mas a gigante não foi mais encontrada. Os bombeiros acreditam que o animal tenha conseguido se desvencilhar.

Há cerca de duas semanas um outro animal ficou preso em redes, também em Penha, e acabou sendo libertado por pesquisadores da Univali.

Segundo a pesquisadora Karina Groch, do Projeto Baleia Franca, os avistamentos, que até então eram raríssimos, passaram a ocorrer em junho do ano passado e têm se repetido. Houve encalhe inclusive no verão, época que sequer corresponde ao período migratório das baleias.

Os encalhes, especialmente em redes de pesca de emalhe, que são legalizadas, causaram a morte de alguns animais.

_ As jubartes não costumam se aproximar da costa e não estão acostumadas com as redes, diferente das baleias francas (comuns em SC) _ afirma Karina.

De acordo com o professor André Barreto, coordenador do Projeto de Monitoramento de Praias, o aparecimento das jubartes pode ser relacionado a fatores naturais, como mudanças de corrente, por exemplo, ou a impacto causado por atividade humana, como a rota de embarcações ou prospecções sísmicas. 

Para Karina, a hipótese mais provável é a de interferência natural:

_ Desde o ano passado estamos sob influência forte do El Niño, com alteração da temperatura da água, que modifica correntes marinhas. Essa pode ser a causa _ diz.

Manejo de pesca

O grande número de ocorrências de encalhe levou a coordenação do Projeto de Monitoramento de Praias a reunir-se, na última semana, para discutir a maneira de agir em relação às jubartes. Professor Barreto alerta que é importante que as pessoas não se aproximem:

_ O ideal é chamar os bombeiros, que sabem como lidar com essa situação. O animal está estressado, pode ser perigoso.

Diante do aumento das populações de cetáceos (baleias e golfinhos), graças a ações de proteção, os especialistas concordam que é preciso estabelecer um manejo diferenciado para a pesca. Em especial com as redes de emalhe, que chegam a ter 15 quilômetros de comprimento, e capturam animais em toda a costa.

_ Não é só em relação às baleias, a pesca precisa ter um manejo melhor. É uma atividade importante, mas que gera impacto no ambiente marinho. Precisamos de manejo para permitir que ela continue a longo prazo e seja benéfica, tanto para os pescadores quanto para o meio ambiente _ afirma Barreto.

(Do http://osoldiario.clicrbs.com.br/)

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