terça-feira, 27 de novembro de 2018

OUTROS MUNDOS, OUTROS MARES

Estudantes do Estado de Sikkim (Índia) brincam durante o recreio em uma escola PARTHA PRATIM SAHAEL PAÍS

Atlas de países que ‘ainda’ não existem
Uma viagem por 50 territórios com fronteiras difusas 


Existem países que todo mundo conhece e outros de fronteiras difusas que você não encontrará nos folhetos das agências e nos guias de viagem. Como a Transnístria, um estado soviético entre o rio Dniester e a fronteira da República da Moldávia com a Ucrânia; Sealand, fundada em 1967 em alto mar a sete milhas náuticas a leste do Reino Unido em uma plataforma militar abandonada após a Segunda Guerra Mundial; o reino autônomo de Ogoniland, no delta do rio Níger, e o reino caribenho e literário de Redonda.


“Se você pegar uma carta de navegação do Atlântico e buscar as coordenadas 16º 56’ de latitude norte e 62º 21’ de longitude oeste encontrará uma ilha de três quilômetros quadrados, habitada por alcatrazes, lagartos e ratos. É a ilha do reino de Redonda, um enclave esquecido por Deus, próximo às ilhas antilhanas de Montserrat e Antígua e que possui o maior número de ilustres por metro quadrado do planeta”. O escritor espanhol Javier Marías foi coroado rei de Redonda em 1997 com o nome de Xavier I, após a abdicação do também escritor Jon Wynne-Tyson (João II), que inventou uma particular corte literária da qual fizeram parte Henry Miller, Lawrence Durrell e Dylan Thomas, ampliada mais tarde por Marías com os cineastas Francis Ford Coppola e Pedro Almodóvar, os escritores Arturo Pérez-Reverte e Eduardo Mendoza e o arquiteto Frank O. Gehry, entre outros. O lema de Redonda é Ride si Sapis (ria se sabe).



É de lugares como esse que trata o Atlas de Países que Não Existem(GeoPlaneta, 2016), do professor de Geografia da Universidade de Oxford e escritor Nick Middleton. O livro, “um compêndio de cinquenta Estados não reconhecidos e em grande medida despercebidos”, de acordo com Middleton, convida à reflexão sobre o conceito de país, um termo tão difuso como escorregadio. A lista (abaixo, os 50 lugares que aparecem no livro) pode ser polêmica: inclui, por exemplo, a Catalunha (Espanha) e a ilha chilena de Páscoa, mas não a Escócia (Reino Unido).


O “último continente”, onde, excepcionalmente, as disputas sobre a soberania territorial foram deixadas de lado. Possui uma população de 5.000 residentes temporais.

Penhascos de gelo na península Palmer, na Antártida EASTCOTT MOMATIUK GETTY IMAGES


Um arquipélago distribuído por vários oceanos – 29 possessões insulares e um território continental na Antártida – que provoca disputas territoriais com Bangladesh, Belize, Colômbia, Comores, França, Haiti, Índia, Jamaica, Kiribati, Madagascar, ilhas Marshall, Maurício, Nicarágua, Portugal, Seychelles e EUA.


Proclamado em 1992, incorpora todas as fronteiras entre outras nações, assim como territórios digitais e outros estados da existência, como o estado dos sonhos.

ÁFRICA
Declarou sua independência em 1991 com as fronteiras do antigo protetorado britânico da Somalilândia.

Ilha do oceano Índico, reclamada por Comores, que decidiu renunciar à independência da França em 1975.

República subsaariana durante menos de um ano.

Antigo protetorado português reconhecido como o 39º território africano descolonizado pela Organização para a Unidade Africana antes de ser anexado por Angola.

Reino autóctone no delta do Níger.

Antiga monarquia que quer ser reconhecida como novo estado africano.

Também conhecida como Saara Ocidental. Ex-colônia espanhola ocupada pelo Marrocos.

AMÉRICA
Em dezembro de 2007, uma delegação da tribo Sioux lakota viajou a Washington para rescindir unilateralmente todos os tratados assinados em 1868 com o Governo dos Estados Unidos e reivindicar seu território das Colinas Negras, no Estado de Dakota do Sul.

Escultura do rosto do chefe Lakota Cavalo Louco nas Colinas Negras de Dakota do Sul. REUTERS

O país da nação navajo, localizado em uma reserva dos EUA, com certo nível de autogoverno.
Comunidade indígena que nunca foi oficialmente governada pelo Canadá.

Região do Caribe, entre Honduras e Nicarágua, que tenta recuperar sua autonomia. Em 1687 chegou a ser um reino aliado da Grã-Bretanha.

O território dos índios mapuche no Chile.

ASIA

Conhecido também como Arabistão, Khuzistão. Região de língua árabe do Irã que quer recuperar sua autonomia.
Micronação de dois habitantes fundada em 1971 pelo marinheiro Eli Avivi em uma praia da costa norte de Israel, próxima à fronteira com o Líbano. Tolerada pelo Governo de Israel como uma curiosidade turística.

Declarou sua independência um dia após a da Índia e a do Paquistão, foi anulada um ano depois e declarada novamente em 1958. Desde 1970 é província do Paquistão, uma das mais turbulentas.

Conhecidas também como Ilhas Keeling. Arquipélago do oceano Índico, entre o Sri Lanka e a Austrália, governado pela família Clunies-Ross até 1984.

Nagalim (Nagaland) é hoje um Estado do nordeste da Índia, apesar de ter declarado sua independência um dia antes do que esta.

Reino budista independente anexado pela Índia em 1975.

Conhecida também como República da China. Província chinesa controlada por um governo independente desde 1949.
O Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, fugiu em 1959, após um levante fracassado contra as autoridades chinesas.

A República de Tuva, território fronteiriço com a Mongólia, solicitou em 1944 sua incorporação à União Soviética. Hoje busca sua independência da Rússia.

Arquipélago japonês de 160 ilhas, das quais somente 50 são habitadas, também conhecido como Okinawa. Até 1879 foi um reino independente em relação ao Japão.

Também conhecido como Ilhas Spratly. Foi declarado reino independente na década de 1870 por um capitão da Royal Navy cujos descendentes continuaram disputando a propriedade das ilhas com a China, Taiwan, Vietnã, Filipinas e Malásia.

Enclave de maioria muçulmana no sul das Filipinas.

Antiga colônia holandesa anexada pela Indonésia em 1963.


Conhecida também como Kalaallit Nunaat. Região autônoma da Dinamarca que busca a independência.

Conhecida também como Ellan Vannin, Mannin. Autônoma, dependente da Coroa Britânica, mas não faz parte do Reino Unido e da União Europeia.

Região histórica do Cáucaso conquistada pela Rússia.

Antigo bastião da Ordem dos Templários na baía de Funchal (Madeira, Portugal).

Comunidade autônoma da Dinamarca em um bairro de Copenhague.

A região nordeste da ilha se declarou independente após a invasão da Turquia.

Criado em 1816 ao redor de uma mina de zinco disputada pela Prússia, Países Baixos e a Bélgica. Rebatizada como Amikejo, se transformou em refúgio dos esperantistas antes de seu desaparecimento, após a Primeira Guerra Mundial, com a assinatura do Tratado de Versalhes.

Também conhecido como Forewick Holm. Estado das ilhas Shetland criado por um navegante inglês.

Enclave separatista da Geórgia, apoiado pela Rússia.

Comunidade autônoma da Espanha.

Principado que se declarou independente da Itália após convocar um referendo em 1995.

Região separatista da Moldávia, frequentemente considerada no Ocidente como um foco de delinquência e estalinismo.

República por um dia, em março de 1939.

É a menor ilha nação da Europa, uma plataforma de 550 metros quadrados que se ergue sobre dois pilares em águas internacionais, a sete milhas náuticas da costa inglesa, ao norte do estuário do Tâmisa. Construída nos anos trinta como escudo defensivo contra ataques da aviação e marinha alemãs, foi desalojada e abandonada à mercê dos elementos ao final da Segunda Guerra Mundial. Até 1967, quando o ex-soldado inglês Paddy Roy Bates ocupou o velho forte de concreto e aço e o transformou em sua residência familiar, rebatizando-o com o nome de Sealand.

Península do mar Negro que se declarou independente quatro vezes em um século.
A ilha de Páscoa, território oceânico anexado pelo Chile em 1888.

Habitantes da ilha chilena de Páscoa durante uma competição de canoas GETTY IMAGES

República libertária sobre um atol do Pacífico.
Micronação aborígene na Austrália.

República libertária insular que foi independente por um breve período em 1980.

Território do sul da Austrália que se tornou independente em 1970 como protesto pelas então recém-introduzidas cotas dos grãos.

O Império de Atlantium ocupa um território de 10 metros quadrados do subúrbio de Narwee, nos arredores da cidade australiana de Hurstville. Em 27 de novembro de 1981, os australianos George Francis Cruickshank, John Duggan Geoffrey e Duggan Marie Claire, descontentes com a política do Governo, declararam unilateralmente a independência, e Cruickshank foi coroado como imperador de Atlantium sob o nome de George II.

(Do https://brasil.elpais.com/brasil/)

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