domingo, 12 de agosto de 2018

MANEMÓRIAS


Fotos: Casa da Memória de Florianópolis – IPUF (1960/2017)


INGLESES / SANTINHO

A TRANSFORMAÇÃO DE UMA VILA DE PESCADORES

"A vila original era cercada pelas dunas e pelo mar, com modestas e singelas casas. Algumas casas eram cobertas de sapé, mas a maioria delas e dos ranchos de pesca eram com telhas de calhas. Era uma vila de pescadores e agricultores, que se dedicavam a maior do tempo à agricultura, e também com a pesca, principalmente na época da safra da tainha e da anchova. Os engenhos de farinha e de açúcar dominavam a paisagem local, mas na década de 70 estas atividades deixaram de existir. Os engenhos de açúcar não eram tão expressivos quanto aos de farinha, que desapareceram nos idos dos anos 1960.

Naquele tempo a atividade pesqueira era intensa, existiam as “Salgas” (tipo de armazém que estocava e comercializava o pescado). No final da década de 80, as terras que serviram para a agricultura, foram parceladas e transformadas em loteamentos e condomínios.

O “boom” do turismo no balneário de Ingleses trouxe profundas modificações, tanto para a população nativa como para o meio ambiente, transformando a bucólica e pacata vila de pescadores. Os valores, os costumes e as atividades da agricultura e da pesca, foram substituídos pelo turismo, pela especulação imobiliária com enormes prejuízos ao meio ambiente. Este crescimento imobiliário, fez das antigas vendas e salgas, terrenos e moradias de nativos serem substituídas por supermercados, restaurantes, shopping, empreendimentos imobiliários, hotéis, resorts, pousadas, conjuntos habitacionais, loteamentos e serviços diversos. O turismo passou então a representar importante fonte de renda à população e trouxe profundas transformações para os moradores nativos e ao meio ambiente.

A especulação imobiliária desencadeou o crescimento desordenado, afetando diretamente a vida e o cotidiano da população local. Hoje a região enfrenta problemas de mobilidade urbana, saneamento básico, violência, tráfico de drogas, bolsões de pobreza, ocupações clandestinas, poluição dos rios, das praias, invasões em áreas de preservação ambiental de dunas, encostas e do cordão praial, entre outros problemas."

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