sábado, 16 de junho de 2018

GENTE DO MAR

UM ESCRITOR EMBARCADO
(...) A praia dos Ingleses, a das Aranhas, Lagoa, Campeche, Armação da Lagoinha, Pântano do Sul e a Dos Frades, constituem outros tantos seios recurvos e brancos que, posto desabrigados, são também fundeadouros, a oferecerem repouso e refresco aos transeuntes errantes do Atlântico, esses barcos de vela saudosos que aí costumam aportar, uma ou outra vez, e cujas companhas cansadas das fadigas do mar encontram por breves instantes, um consolo e um conforto aos sacrifícios de sua vida aventurosa e amara, nesses risonhos povoados suspensos de colinas e outeiros, onde em cada lar obscuro se abrem sorrisos de afeto, carinhos hospitalares (...)
(Fragmento de “Santa Catarina: A Ilha”, Virgílio Várzea, em 1900.)

DO MAR
Poeta, jornalista, marinheiro, escritor e ativista político, Virgílio dos Reis Várzea, “concebido no mar” e nascido na freguesia de São Francisco de Paula de Canasvieiras, norte da Ilha de Santa Catarina no dia 6 de fevereiro de 1863, é considerado o criador do marinhismo entre os latino-americanos. ”Embarcado”, aos 16 anos, conheceu Montevidéu, Buenos Aires e a costa da Patagônia até a boca do Estreito de Magalhães. Em outras viagens esteve nas Antilhas, Cuba, Havana, Venezuela, Colômbia, arquipélago de Cabo Verde, Cabo da Boa Esperança, portos da África Oriental e do Sul da Ásia. Em terra, produziu uma vasta obra literária, sendo editado em diversos países europeus. Em 1884 publica os poemas Traços Azuis. No ano seguinte, em parceria com o amigo Cruz e Sousa, lança Tropos e Fantasias. Escreveu e editou diversos jornais em Florianópolis e liderou, de 1883 a 1887, a "Guerrilha Literária Catarinense" contra o conservadorismo romântico, visando a implantar a "Idéia Nova", ou seja, a renovação estética do Realismo- Naturalismo. Entre suas obras estão ainda “Mares e Campos” (1895), “Rose Castle” (1895), “Santa Catarina: A Ilha” (1900), “George Marcial” (1901), “O Brigue Flibusteiro” (1904) e “Nas Ondas”. Virgílio Várzea morreu em 28 de dezembro de 1941, no Rio de Janeiro.

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