sexta-feira, 18 de março de 2016

MARICULTURA NO MATADEIRO

Foto Diórgenes Pandidi / Agência RBS / Agência RBS

Comunidade e entidades debatem maricultura na praia do Matadeiro

Por

As mais de duas horas de audiência pública na Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa não foram suficientes para chegar a um consenso sobre a polêmica instalação de um parque aquífero para maricultura na praia do Matadeiro, no Sul da Ilha. Moradores, surfistas, pescadores, maricultores e órgãos envolvidos no processo lotaram a sala da comissão e tiveram a oportunidade de falar e serem ouvidos para buscar uma solução para o impasse.



— Agora vejo uma luz no fim do túnel. Conseguimos o que queríamos ao ter proposto essa audiência e ao menos vamos ter acesso aos estudos de impacto que dizem ter feito — disse Ezinar Tadeu Pereira, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Praia do Matadeiro (Amapram), representando toda a comunidade que se opõe a maricultura no praia.

As explicações da Epagri, Ministério da Pesca, Capitania dos Portos e outros órgãos envolvidos na liberação e concessão de licenças para área não convenceram a maior parte dos presentes sobre como foi o processo e os benefícios da maricultura no Matadeiro, que é local tradicional de surfe e recebe muitos turistas atraídos por sua natureza preservada. A poluição visual e dos detritos que podem chegar na areia são alguns dos pontos questionados pela comunidade.


O surfista Renato Mello, do Matadeiro Surf Club, falou da importância de preservar a identidade da praia, conhecida pela boas ondas que já revelou vários talentos do surfe:
— Quero deixar claro que os surfistas não são contra a maricultura. O que estamos reivindicando aqui são os documentos que falam dos impactos naquele local. Os técnicos podem falar da parte deles, mas da qualidade das ondas eu entendo, e sei que isso vai afetar — disse.

Representando o lado dos maricultores, Tatiana da Gama Cunha, da Associação de Maricultores do Sul da Ilha, explicou que existem novas formas de cultivo com pouco impacto visual e também de reaproveitamento das cascas, como os blocos utilizados nas calçadas da Beira-Mar Norte.

— A maricultura de for feita da forma correta tem pouco impacto. Temos exemplos no Ribeirão da Ilha de locais que voltaram a ter peixes. A questão é ver a melhor forma de fazer — ponderou.

Local pode ser mudado

Durante sua fala na Comissão, Cristiano Martins de Souza, superintende interino de Pesca e Aquicultura de Santa Catarina, explicou que a discussão é antiga, que já existiram questionamentos em outras áreas, mas está previsto em lei existe a possibilidade de revisão:

— A discussão para o desenvolvimento dos planos locais de maricultura existem desde 2005, a legislação é muito grande, todas as tratativas foram muito longas e Santa Catarina é um estado pioneiro. Está previsto em lei a revisão e se for necessário o realocamento das áreas, estamos aqui para chegar uma solução _ falou. 

O filho de de um do futuros maricultores do Matadeiro, Bruno Rocha, disse que não quer conflito. Ele afirmou que se houver possibilidade de remanejo e for de acordo dos seis concessionários, não vê problema:
— Estamos há 13 anos na espera, também sou filho de pescador. Agora que conseguimos as licenças queremos trabalhar. Já poderíamos começar o cultivo, mas estamos esperando pois queremos o diálogo, chegar a um acordo comum — desabafou.

Após o debate, o deputado Gean Loureiro, presidente da comissão de Turismo e Meio Ambiente, afirmou que a comissão irá fazer uma solicitação ao Governo Federam para que reavalie a localização do parque aquífero. Uma nova reunião ficou agendada para a primeira semana de abril, na própria comunidade:

— Que fique claro que ninguém é contra a maricultura, mas diante das manifestações vamos pedir que seja apresentado um estudo para a substituição das fazendas para um local onde não tenha conflito — finalizou o deputado.
(Do www.clicrbs.com.br)

Nenhum comentário: