segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MAR ENVENENADO

Foto Arquivo
Ostras somem do Mercado Público


Peixarias deixam de vender moluscos após vazamento de óleo na Tapera


Por Edinara Kley
FLORIANÓPOLIS


Mesmo sem restrições de cultivo, venda ou consumo das ostras e mariscos produzidos fora da área embargada pela Fatma (Fundação do Meio Am­biente), entre o Ribeirão da Ilha e a Tapera, os moluscos desapa­receram dos balcões das peixa­rias do Mercado Público de Flo­rianópolis. A queda na procura aconteceu depois que a notícia sobre o vazamento de 12 mil litros de óleo, que pode conter uma substância tóxica conheci­da como ascarel, se espalhou.

“Ninguém mais quis ostra depois desse acontecimento. Tinha clientes que compravam todo dia e que não apareceram mais”, revelou o dono de uma das peixarias que mais vendia o produto, Jucélio José Silveira, o Xexéu. As ostras que ele ven­dia eram do Ribeirão da Ilha, considerado o melhor produtor do molusco na Ilha.

Mesmo com a possibilidade de comprar de outro fornece­dor, Xexéu prefere não arris­car. “Só vou vender depois que eles apresentarem o resultado do laudo. Agora não adianta, não tem cliente”, frisou.

A média diária de ostras vendidas em seu balcão era de até 200 dúzias, no valor de R$ 6. “Vou ter prejuízo. Está ruim pra nós, mas pior para quem fornece”, apontou.

Em outra banca ainda é pos­sível encontrar mariscos e ber­bigões. “São de Governador Cel­so Ramos, de bem longe da área afetada”, adiantou Nelson San­tos, dono da peixaria. Ostras, segundo ele, não serão compra­das de nenhum lugar. “Ninguém tem como saber, só vamos pegar depois que liberarem o resulta­do do laudo”, frisou.

Mas nem todos os consumi­dores rejeitariam os moluscos se estivessem à venda. “Gosto muito de ostras, de qualquer jeito. Se tivesse aqui, eu até levaria”, disse Heracleo Me­negazzi, morador de Tangará (Oeste do Estado) que parti­cipou de uma conferência na Capital, e antes de voltar para casa passou pelo Mercado para comprar peixes.

Vigilância garante procedência

O monitoramento é feito por fiscais da Vigilância Sanitária Municipal, que prestam orientação aos maricultores e conferem a procedência dos alimentos nos restaurantes. Até agora, segundo o diretor da Vigilância em Saúde do município, Leandro Pereira Garcia, nenhuma irregularidade foi constatada. “Estamos trabalhando na base da cooperação e tanto extratores quanto maricultores têm colaborado. Nosso foco é proteger o ambiente e as pessoas”, afirmou.

A fiscalização, segundo Garcia, acontece em toda a Capital, e por isso os consumidores não precisam se preocupar ou evitar os moluscos. “Todos os produtos que estão sendo comercializados têm nota fiscal e procedência. É isso que comprova que eles não foram cultivados naquela área”, garantiu.

Neste fim de semana, placas indicativas serão fixadas nos pontos principais da região afetada. Elas vão alertar a população sobre o embargo que proíbe cultivo, extração e comercialização de mariscos e moluscos, e qualquer contato com a água do mar, fauna e flora.

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