quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DE VOLTA AO MAR...

Foto Projeto Tamar
Uma operação foi montada para transferir o paciente para Florianópolis, onde poderia receber melhor tratamento. O tamanho indicava um adulto forte, e o fato dele não conseguir sair da lama de um canal em Araquari, Litoral Norte, mostrava que havia problemas de saúde. Os socorristas enviados da Capital encontraram os policiais que fizeram o resgate na metade do caminho, em Itajaí. A sobrevivência da tartaruga cabeçuda corria risco naquele 1º de novembro. Lambuzado com vaselina, o animal de cem quilos foi colocado na caçamba de uma caminhonete e rumou para o Projeto Tamar, em Florianópolis. Nem foi preciso um exame minucioso para perceber um fio de náilon saindo pela cloaca. A radiografia confirmou um anzol preso no esôfago. Em 6 de novembro, os veterinários tentaram encontrar o objeto com uma câmera de endoscopia, mas não conseguiram. Sem alternativas, a tartaruga foi para a faca. A operação foi um sucesso e ela irá volta ao mar no sábado, às 9h30min. O único inconveniente é que a linha de pesca não pôde ser retirada porque atravessava o aparelho gástrico. Puxar poderia fazer um nó em algum órgão. Restava torcer para o organismo expelir. A verificação era feita com o monitoramento das fezes. A tarefa deixou de ser necessária em 27 de novembro, quando a tartaruga se livrou do fio de náilon. Tudo caminhava bem, mas era preciso manter o réptil sob supervisão para descobrir se havia outro problema de saúde. A alimentação se restringiu a filé de peixe para não prejudicar a cicatrização. A tartaruga foi mantida em um tanque separado e longe da visitação. O coordenador técnico do Projeto Tamar, biólogo Gustavo Stalehin, explica que, como será devolvido ao mar, haverá o menor contato possível com humanos. O fato da espécie ser um macho tem alto valor científico. As informações sobre os hábitos de vida deles são muito raras porque é bastante difícil encontrá-los depois da fase juvenil. Os únicos dados se referem a fêmeas, que são encontradas na fase desova. Para monitorar o animal, ele recebeu um transmissor no casco. O aparelho foi enviado pela Agência Norte-americana de Oceanos e Atmosfera para monitorar os animais encontrados em linhas de pesca. O analista ambiental do Projeto Tamar, oceanógrafo Gilberto Salles, lembra que nem foi difícil convencer os parceiros americanos a liberar o transmissor. Os cientistas de lá também ficaram empolgados com a possibilidade de conhecer os hábitos de um macho. Até hoje, ninguém sabe as rotas migratórias, onde comem e profundidade que costumam ficar.
(Felipe Pereira, do www.diario.com.br )

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